Expropriação dos expropriadores

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/gmed.v15i2.54918

Palavras-chave:

Marx, Propriedade, Capitalismo, Expropriação, Lei

Resumo

A “expropriação dos expropriadores” é uma deliciosa formulação, uma que Marx até compara à infame “negação da negação” de Hegel. Mas o que essa frase significa, e seria ela relevante ainda hoje? Antes de analisar o conteúdo da expressão de Marx, irei considerar brevemente os entendimentos jurídicos contemporâneos sobre a expropriação, bem como alguns exemplos. No restante do ensaio, apresento diferentes tipos de expropriação em Marx e me concentro em uma ambiguidade no cerne da noção de “expropriação dos expropriadores”, a saber, se ela descreve uma tendência imanente e objetiva dentro do desenvolvimento do modo de produção capitalista ou se prescreve ativamente uma forma de práxis política revolucionária para a classe trabalhadora. Minha resposta é que ela faz as duas coisas, embora não sem tensionamento. Por fim, desenvolvo algumas implicações dessas reflexões, mostrando como o conceito de ­expropriação pode ser usado hoje, nas lutas em torno da moradia, da questão climática e do trabalho.

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Biografia do Autor

Jacob Blumenfeld, Carl von Ossietzky Universität Oldenburg

Professor no Instituto de Filosofia da Carl von Ossietzky Universität Oldenburg, Alemanha. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7745-8704. E-mail: jacob.blumenfeld@uol.de.

 

Breno Ricardo Guimarães Santos, Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT)

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor no Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e coordenador do Grupo de Pesquisa "Epistemologia Aplicada" (CNPq - dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/0195501419661075). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6164221411927239. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7223-7363. E-mail: breno.santos@ufmt.br.

 

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Publicado

2023-10-29

Como Citar

Blumenfeld, J., & Santos, B. R. G. . (2023). Expropriação dos expropriadores. Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 15(2), 390–406. https://doi.org/10.9771/gmed.v15i2.54918