"Verás que tudo é mentira": os movimentos populares antiprisionais contra o genocídio racista estatal a partir da luta das Mães de Maio
DOI:
https://doi.org/10.9771/gmed.v14i2.49581Palavras-chave:
abolicionismo penal, decolonialidade, lutas anticoloniais, movimentos populares, feminismo negroResumo
Esta escrita partilhada foi desenvolvida a partir da observação participante ao “Ato Cordão da Mentira 10 anos” ocorrido no dia 1º de abril, dia da mentira e aniversário do golpe militar de 1964, realizado no centro de São Paulo/SP. Com esta pesquisa buscamos demonstrar como os movimentos populares são fortes vetores de derrubada dos muros objetivos e subjetivos do sistema de justiça penal, diminuindo a distância deste sistema e dando rostos aos milhares de processos que transformam a dor dos familiares em números. A hipótese é que a atuação nas ruas, e a denúncia da violência do Estado pelas mães de vítimas é um forte instrumento de superação deste sistema. O texto toma como base a atuação do movimento mães de maio, suas lutas e pautas, tomando como exemplo o ato do dia 1 de abril e chegando à conclusão de que esses movimentos são essenciais à luta contra o colonialismo.
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