Raça, gênero e o marxismo amefricano: desfazer mitos, (re)construir caminhos de emancipação
DOI:
https://doi.org/10.9771/gmed.v14i2.49568Palavras-chave:
Marx, Marxismo, Raça, Gênero, Teoria UnitáriaResumo
O presente artigo visa desfazer os mitos recorrentemente construídos sobre a tradição marxista e as relações de raça e gênero. Argumento que tais mitos são fruto de um duplo processo: o desconhecimento da totalidade da obra de Marx e um reducionismo eurocêntrico da contribuição marxista, uma tradição construída transnacionalmente por mãos de diversas cores e gêneros. Para isso, realizo um balanço crítico dessa tradição através do retorno aos escritos tardios de Marx e às contribuições de marxistas negros, negras e periféricos, reconstruindo o que chamo de marxismo amefricano ou atlântico. Por fim, proponho a recuperação de uma perspectiva unitária para a melhor compreensão das relações sociais de gênero, raça e classe.
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