Raça, gênero e o marxismo amefricano: desfazer mitos, (re)construir caminhos de emancipação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/gmed.v14i2.49568

Palavras-chave:

Marx, Marxismo, Raça, Gênero, Teoria Unitária

Resumo

O presente artigo visa desfazer os mitos recorrentemente construídos sobre a tradição marxista e as relações de raça e gênero. Argumento que tais mitos são fruto de um duplo processo: o desconhecimento da totalidade da obra de Marx e um reducionismo eurocêntrico da contribuição marxista, uma tradição construída transnacionalmente por mãos de diversas cores e gêneros. Para isso, realizo um balanço crítico dessa tradição através do retorno aos escritos tardios de Marx e às contribuições de marxistas negros, negras e periféricos, reconstruindo o que chamo de marxismo amefricano ou atlântico. Por fim, proponho a recuperação de uma perspectiva unitária para a melhor compreensão das relações sociais de gênero, raça e classe.

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Biografia do Autor

Rhaysa Sampaio Ruas da Fonseca, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Professora da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutoranda em Direito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e bolsista CAPES. Mestre em Direito e pesquisadora no Laboratório de Estudos Interdisciplinares Crítica e Capitalismo (LEICC/UERJ) e no Grupo de Estudos em Teoria da Reprodução Social (GE-TRS). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8132943718722267. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1726-4363. E-mail: rhaysaruas@gmail.com 

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Publicado

2022-10-07

Como Citar

Ruas da Fonseca, R. S. . (2022). Raça, gênero e o marxismo amefricano: desfazer mitos, (re)construir caminhos de emancipação. Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 14(2), 267–284. https://doi.org/10.9771/gmed.v14i2.49568