A monopolização das sementes pelo capital e a contaminação por transgênicos no semiárido de Alagoas
DOI:
https://doi.org/10.9771/gmed.v13i2.45030Palavras-chave:
monopólio, capitalismo, mundialização do capital, sementes crioulas, sementes-mercadoriaResumo
O artigo tem como objetivo analisar a monopolização das sementes no âmbito da mundialização do capital. Parte-se do pressuposto de que as corporações empresariais agroquímicas seguem mercantilizando as sementes e, concomitantemente, agem para exercer o monopólio sobre seus códigos genéticos. Uma contradição fundamental desse processo é o crescente monopólio sobre bens da natureza indispensáveis à (re)produção da vida no planeta. O texto veicula uma manifestação empírica dessa realidade ao abordar o estado da contaminação de cultivos de milho crioulo por transgênicos no semiárido de Alagoas. O materialismo histórico-dialético dá sustentação ao esforço reflexivo.
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