Para onde tem nos levado a pandemia? Entre tantos desamparos públicos, precisamos também falar sobre avaliação em políticas públicas

Autores

  • Rosana de Freitas Boullosa Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.9771/ns.v11i21.42235

Palavras-chave:

Desamparo público, políticas públicas, avaliação, pandemia de Covid-19

Resumo

Este ensaio procura chamar atenção para a responsabilidade da avaliação no enfrentamento da atual situação de crise em que se encontram as políticas públicas, inclusive quando voltadas para a contenção da expansão da pandemia de Covid-19, em um contexto de crescimento político da ultradireita no país. O texto está estruturado em cinco passagens, que apresentam uma posicionalidade em defesa do papel da avaliação como resposta potencial e necessária aos movimentos de esvaziamento da dimensão política nos processos de gestão das políticas públicas: do desamparo público à perda do público; da perda do público à crescente rede de valores antidemocráticos; da rede de valores antidemocráticos às armadilhas do gerencialismo despolitizado; do gerencialismo despolitizado à avaliação em políticas públicas; e, por fim, fazendo o caminho de volta: da avaliação em políticas públicas ao enfrentamento do gerencialismo despolitizado, dos valores antidemocráticos e do desamparo público, por meio de uma posicionalidade axiológica. As conclusões apontam para a necessidade de construção de uma agenda de pesquisa para a avaliação que promova a reflexividade como um estímulo para novos e necessários exercícios de posicionalidade por parte das avaliadoras e avaliadores

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro; Editora Jandaíra, 2020.

BERGER, P; LUCKMANN, T. The Social Construction of Reality. Harmondsworth: Penguin, 1966.

BERNSTEIN, R. J. (1976). The Restructuring of social and political Theory. New York: Harcourt Brace Jovanovich.

BEZZI, C. Il Disegno della Ricerca Valutativa. Milão: Franco Angeli, 2007.

BLUMER, H. Social problems as collective behavior. Social problems, vol, 17, issue 3, pp. 298-306, Winter 1971.

BOULLOSA, R. de F. Mirando ao revés as políticas públicas: notas sobre um percursos de pesquisa. Pensamento & Realidade, v. 28, p. 68-86, 2013.

______. Gestão Social e Avaliação. In: João Martins de Oliveira Neto; Jeová Torres Silva Junior. (Org.). Gestão Social. 1ed.Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha/UANE/BID/STDS, 2017, v. 1, p. 267-288.

______. Mirando ao revés as políticas públicas: o desenvolvimento de uma abordagem crítica e reflexiva para o estudo das políticas públicas. Publicações da Escola da AGU, série especial, pp. 89-105, 2019.

______.; PERES, J. L. P.; BESSA, L. F. M. Por dentro do campo: uma narração reflexiva dos estudos críticos em políticas públicas. Revista Organizações & Sociedade, Salvador, 2020 [no prelo].

______; SILVA, L. G.; LARANJA, L. S.; PERES, J. L. P.; A expansão da Covid-19 no G100: reflexões sobre a capacidade de resposta dos municípios mais endividados do Brasil, pp. 03-16. In: OSPP. Boletim de Gestão de Políticas Públicas e Covid-19 do Observatório da Sociedade Pós-Pandêmica: Políticas Públicas & Governança, UFBA, UnB, UFV, UFTM, n. 1, jul. 2020.

BOURDIEU, P. (1966). Champ intellectuel et projet créateur. Les Temps modernes, 246, 865-906.

COLLINS, Patricia Hill. Black Feminist Thought: Knowledge, Consciousness, and the Politics of Empowerment. New York: Routledge, 2001.

DEWEY, J. A democracia é radical (1937), pp. 337-339. In: HICKMAN; LARRY; ALEXANDER. The essential Dewey, vol. 1: Pragmatism, Education, Democracy. Bloomington: Indiana University Press, 1998.

________. The Public and Its Problems. New York: Henry Holt, 1927.

FARIA, C. A. P. A política da avaliação de políticas públicas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 20, n. 59, p. 97-109, out. 2005

FISCHER, F. Para além do empirismo: policy inquiry na perspectiva pós-positivista. Revista NAU Social, v. 7, n. 12, p. 163-180, mai/nov. 2016.

________., & FORESTER, J. The Argumentative Turn in Policy Analysis and Planning. London: Duke University Press, 1993.

FREIRE, P. Education for Critical Consciousness. New York: Seabury Press, 1973.

________. Pedagogia do oprimido. 50. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.

GIROUX, H. On Critical Pedagogy. London: Continuum. 2011.

HABERMAS, J.. Toward a Rational Society: Student Protest, Science and Politics. Translated by Jeremy J. Shapiro. Boston, MA: Beacon, 1971.

HABERMAS, J.. Legitimation Crisis. London: Heinemann, 1973.

HAWKESWORTH, M. Policy Studies with a Feminist Frame. Policy Sciences, 1994, vol. 27, n. 2 (3), 97-118.

HIRSCHMAN, A. O., Development Projects Observed, Washington, D.C.,. The Brookings Institution, 1967

HOOKS, Bell. Teaching Community: A Pedagogy of Hope. Routledge, New York and London, 2003.

________. Teaching to Transgress: Education as the Practice of Freedom. Routledge, 1994

HOWARTH, David. (2010, April). Power, discourse, and policy: articulating a hegemony approach to critical policy studies. Critical Policy Studies, 3 (3-4), 309-335.

JAMES, W. The Meaning of Truth: A Sequel to "Pragmatism" (1909), Prometheus Books, 1997:

LASSWELL, H. The Policy Orientation, pp. 3-15. In: LERNER, D.; LASSWELL, H. The Policy Sciences. Stanford: Stanford University Press, 1951.

LATOUR, B. 1987. Science in Action. Cambridge: Harvard University Press.

MAJONE, G. 1989. Evidence, Argument and Persuasion in the Policy Process. Reissue ed. New Haven, CT: Yale University Press.

MARTINS, A. P. A. Governança Global da Pesquisa Científica no Contexto da Pandemia de Covid-19: análise das diretrizes e discursos sobre ciência e ética produzidos pela Organização Mundial de Saúde In: OSPP. Boletim de Gestão de Políticas Públicas e Covid-19 do Observatório da Sociedade Pós-Pandêmica: Políticas Públicas & Governança, UFBA, UnB, UFV, UFTM, n. 1, jul. 2020.

MARCUS, G. E. Le citoyen sentimental : Emotions et politique en démocratie. Collection Sociétés en mouvement. Presses de Sciences Po, Paris, 2008.

MIGNOLO, Walter 2002. ‘The Geopolitics of Knowledge and the Colonial Difference,’ South Atlantic Quarterly 101.1 (Winter): 56-96.

MOKATE, Karen Marie. Convirtiendo el “monstruo” en aliado: la evaluación como herramienta de la gerencia social. Revista do Serviço Público, Brasília, v. 53, n. 1, p. 89-131, jan./mar. 2002.

OSBORNE, D; GAEBLER, T. Reinventando o governo. 6. ed. Brasília: MH Comunicação, 1995.

PERES, Janaina Lopes Pereira. Reinterpretando o fluxo de políticas públicas a partir da experiência: do pragmatismo crítico ao Hip Hop da Ceilândia/DF (Tese de Doutorado), Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional – PPGDSCI. Brasília: UnB, 2020.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y clasificación social. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Orgs.). El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Universidad Javeriana-Instituto Pensar, Universidad Central-IESCO, Siglo del Hombre Editores, 2007. p. 93-126.

REIS, I. A Retórica da Crise: Democracia e Estabilidade Institucional no Brasil em Tempos da Pandemia de Coronavírus. NAU - A REVISTA ELETRÔNICA DA RESIDÊNCIA SOCIAL, v. 11, p. 145, 2020.

RICŒUR, P. Histoire et vérité, Paris, Seuil, 1955.

________. Du texte à l'action. Essais d'herméneutique II, Le Seuil, 1986.

SAFATLE, Vladimir. Circuito dos Afetos: Corpos políticos, Desamparo, Fim do Indivíduo. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

SCHÖN, Donald, The Reflective Practitioner: How Professionals Think In Action. NY: Basic Books, 1984.

________, & REIN, Martin. (1994). Frame Reflection: Towards the Resolution of Intractable Policy Controversies. NY: Basic Books.

TRIBE, L. H. Policy Science: Analysis or Ideology?. Philosophy & Public Affairs, 2 (1), 66-110, 1972.

WALSH, Catherine. Pedagogy and the Struggle for Voice: Issues of Language, Power, and Schooling for Puerto Ricans. New York : Bergin & Garvey, 1990.

WEISS, C. H. (1972). Evaluation Research: Methods for Assessing Program Effectiveness. Englewood Cliffs: Prentice-Hall.

YANOW, D & SCHWARTZ-SHEA, P. (2006). Interpretation and Method: Empirical Research and the Interpretative Turn. Armonk, London: M. E. Sharpe.

Downloads

Publicado

2020-10-31

Como Citar

Boullosa, R. de F. (2020). Para onde tem nos levado a pandemia? Entre tantos desamparos públicos, precisamos também falar sobre avaliação em políticas públicas. NAU Social, 11(21), 441–456. https://doi.org/10.9771/ns.v11i21.42235

Edição

Seção

Novas Rotas