ENTRE A CRUZ E O RIFLE
O TRÁGICO EM "PEDRA BONITA" E "CANGACEIROS"
Abstract
O Regionalismo surge com a intenção de retratar de forma fiel e objetiva as particularidades e as características distintas de determinada região, buscando representar de maneira imediata e documental a realidade rural, com suas nuances culturais e sociais. Assim, a crítica e a historiografia literárias brasileiras costumam interpretar os dramas explorados por essa estética como mera extensão especular de uma realidade local. Relegam-se a um segundo plano os profundos embates emocionais enfrentados pelas personagens, não os compreendendo como causas dos acontecimentos narrados, mas apenas como consequências das ações executadas. Essa perspectiva limitada pode obscurecer a potência trágica e emocional dos dramas vividos pelas personagens. Dessa maneira, a pretensão especular antecipada pela crítica parece embaçar suas lentes, fazendo-a desconsiderar a potência trágica de dramas experimentados por personagens, como as dos romances Pedra Bonita (1938) e Cangaceiros (1953), ambos do escritor José Lins do Rego, sobre os quais este trabalho se debruça.