A TRAGÉDIA EM UM MUNDO INVERTIDO
ALEKSIÉI IVÂNOVITCH E OS PERCALÇOS DO INTELECTUAL PERIFÉRICO
DOI:
https://doi.org/10.9771/inventr.v0i32.56070Abstract
Este trabalho tem por objetivo fornecer uma breve investigação a respeito do romance Um jogador, de Fiódor Dostoiévski (1821-1881). A análise proposta é feita a partir de um olhar sobre seu protagonista, o jovem Aleksiéi Ivânovitch, e de uma possível genealogia na qual ele se insere: a dos preceptores. Para tanto, incorre-se em uma leitura de outros dois jovens educadores da literatura ocidental: Läuffer, protagonista da peça O preceptor (1774), de Lenz (1751-1792); e Julien Sorel, personagem central de O vermelho e o negro (1830), de Stendhal (1783-1842), ambos ocupantes de posições subalternas nas sociedades em que vivem e sujeitos a destinos algo trágicos, o que prefigura o fim miserável de Aleksiéi. A partir de tal percurso, ancorado no aporte teórico de autores como György Lukács (1885-1971), além de pequenas incursões nas obras do Warwick Research Collective (WREC) e de Erich Auerbach (1892-1957), acredita-se ser possível construir um retrato crítico a respeito da experiência burguesa ocidental e suas consequências no Império Russo, tema caro a Dostoiévski e que parece constituir um dos núcleos centrais do romance Um jogador.