FORMA LITERÁRIA E PROCESSO HISTÓRICO-SOCIAL EM MACHADO DE ASSIS: ASPECTOS DA CULTURA POLÍTICA PATRIMONIALISTA EM “TEORIA DO MEDALHÃO” (1882)
Parole chiave:
Literatura Brasileira, Redução Estrutural, Patrimonialismo no Segundo Reinado.Abstract
Tematiza-se a dialética entre forma literária e processo histórico-social, buscando atualizar o debate sobre a importância política da produção literária do escritor Machado de Assis (1839-1908), com relação a cultura política patrimonialista do II Reinado (1840-1889). Procurou-se, assim, construir uma análise do conto Teoria do medalhão com base nas reflexões analíticas de Antonio Candido (1918-2017), especialmente no que se refere ao processo a que ele denominou de redução estrutural, o qual Schwarz (2009) e Waizbort (2007) consideram como elemento medular em seu posicionamento metodológico. Sendo assim, ao concordarmos com Candido (2010 [1965]) que na interpretação o processo histórico-social importa “não como causa, nem como significação, mas como elemento que desempenha um certo papel na constituição da estrutura” (Candido 2010, 18), a nossa hipótese de leitura é de que a coerência interna da narrativa do conto “Teoria do medalhão” é constituída a partir da redução estrutural do Estado patrimonialista e do estamento-burocrático, fenômenos descritos e analisados pelo jurista Raymundo Faoro (1925-2003) no livro “Os Donos do Poder” (1984).
Downloads
Riferimenti bibliografici
ADORNO, S. Os aprendizes do poder: o bacharelismo liberal na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
BOBBIO, N. A lição dos clássicos. In: __. Teoria geral da política: A filosofia política e as lições dos clássicos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p. 101-148.
BOSI, A. Machado de Assis: o enigma do olhar. São Paulo: Ática, 2003.
BOTELHO, A. Sequências de uma sociologia política brasileira. Revista de Ciências Sociais - Dados [online]. 2007, vol. 50, n.1, pp.49-82.
CANDIDO, A. O Discurso e a cidade. São Paulo: Duas cidades, 1993.
_____. Crítica e Sociologia. In: __. Literatura e Sociedade: Estudos de Teoria e História Literária. Rio de Janeiro: ouro sobre azul, 2010, p. 13-25.
____. O Método Crítico em Sílvio Romero. Rio de Janeiro: ouro sobre azul, 2006.
CARDOSO, F. H. Um crítico do Estado: Raymundo Faoro. In: ____. Pensadores que inventaram o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 227-261.
FAORO, R. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. Porto Alegre: Globo, 1984.
_____. A aventura liberal numa ordem patrimonialista. Revista Eletrônica da USP [online], São Paulo, n. 17, p. 14-29, 1993, mar./maio 1993.
_____. Machado de Assis: a pirâmide e o trapézio. São Paulo: Globo, 2001.
GLEDSON, J. Machado de Assis: impostura e realismo. Uma reinterpretação de Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
JAMESON, F. Rumo à crítica dialética. In: __. Marxismo e Forma: Teorias dialéticas da Literatura no século XX. São Paulo: Hucitec, 1985, p. 235- 315.
MACHADO, U. Bibliografia machadiana 1959-2003. São Paulo: Editora USO, 2005.
MACHADO DE ASSIS, J. M. de. Obra Completa. 3 volumes. Organização de Afrânio Coutinho. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
SCHWARZ, R. Pressupostos, salvo engano, de "Dialética da Malandragem". In: __. Que horas são?: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 129-156.
MELLO E SOUZA, L. Raymundo Faoro: Os Donos do Poder. In: MOTA, Lourenço Dantas. (Org.) Introdução ao Brasil: um banquete nos trópicos. São Paulo: Editora Senac, 1999, p. 335-356.
WAIZBORT, L. A Passagem do Três ao Um: crítica literária, sociologia, filologia. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
WEBER, M. Classe, Estamento, Partido. In: GERTH, H; MILLS, W (Org.). Max Weber – Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1974. p. 211-228.