O MULUNGU TOCOU NO CAÇANJE E A COMUNIDADE XANGÔ DANÇOU: A INFLUÊNCIA AFRICANA NA TOPONÍMIA DO RECÔNCAVO BAIANO
Abstract
Este artigo aborda questões relacionadas à influência da cultura africana na nomeação dos lugares, mais especificamente, os nomes das comunidades rurais, fazendas e hidrografia dos vinte municípios que compõem o território de identidade do Recôncavo baiano. Trata-se de um trabalho que toma como base as teorias das áreas da Lexicologia e Toponímia, visando a identificação dos estratos dialetais nos topônimos do território citado, especificamente, neste trabalho, o estrato dialetal africano. Através da análise do corpus foi possível constatar a presença de nomes que fazem parte do repertório lexical das línguas Bantos Quicongo, Quimbundo e Umbundo e das línguas Kwa Iorubá e Fon, além de nomes que receberam influência de fatos culturais advindos do período da escravidão ou, ainda, de hibridismos entre nomes de origem europeia e africana. Toma-se como base teórica os conceitos da Lexicologia no que diz respeito à formação de palavras, aos processos expressivos da linguagem no ato da nomeação e a motivação semântica, natureza essencial dos topônimos; e os conceitos para pesquisa toponímica elaborados por Dick (1990a;1990b; 1996; 1999). Tais análises sustentam a força dinâmica e interativa que a língua possui, resgatando a ideia de que a variação linguística está na base de todas as línguas naturais, portanto, as heranças culturais das bases formadoras do português brasileiro precisam ser reconhecidas e valorizadas.