Prorrogação da chamada para publicação em dossiê temático: "Representações da maternidade das mulheres negras na literatura afro-brasileira"

2024-11-03

Considerando o período escravocrata e os resquícios deixados por ele, podemos compreender que, por um longo período, o direito à maternidade foi e, por vezes, ainda hoje é negado às mulheres negras. Elas, conforme assegura bell hooks (1995), vistas como corpos sem mentes, tiveram seus corpos utilizados na escravidão “como incubadoras para a geração de outros escravos” (hooks, 1995, p. 468). Aliado a isso, pensando nos estereótipos que lhes foram atribuídos, dentre vários outros, Lélia Gonzalez em Racismo e sexismo na cultura brasileira (1984), menciona três: a doméstica, a mulata e a mãe preta. Os dois últimos estão diretamente associados à impossibilidade da maternidade. Isso se deve, segundo Fabiana Carneiro da Silva, em Maternidade negra em Um defeito de cor: a representação literária como disrupção do nacionalismo (2018), ao fato de que “num dos casos ela é estéril (conforme indica o termo “mula”, do qual deriva “mulata”, que se refere à espécie resultante do cruzamento entre um cavalo e um jumento) e, no outro, sua relação com o próprio filho é invisibilizada” (Silva, 2018, p. 245). Tais representações são recorrentes na literatura brasileira. Corroborando o exposto, a escritora e crítica literária Conceição Evaristo, ao refletir sobre o tema em Gênero e Etnia: uma escre(vivência) de dupla face (2005), evidencia a escassa representação da maternidade da mulher negra na literatura brasileira, destacando que o imaginário literário é “ainda ancorada[o] nas imagens de seu passado escravo, de corpo-procriação e/ou corpo-objeto de prazer do macho senhor, não desenha para ela a imagem de mulher-mãe” (Evaristo, 2005, p. 2). A literatura afro-brasileira tem contribuído de forma significativa para romper com este imaginário. Diante dessa afirmativa, interessam-nos reunir estudos que evidenciem essa ruptura, ou seja, textos que abordem as representações da maternidade das mulheres negras a partir da literatura afro-brasileira em diferentes gêneros literários.

Proponentes do dossiê: Dr. Celiomar Porfírio Ramos (PUC-GO), Dr. Antonio Donizeti da Cruz (Unioeste/PUC-GO/ PQ 2 - CNPq), Dra. Marinei Almeida (UNEMAT/UFMT), Drª. Algemira de Macêdo Mendes (UESPI/UEMA/ PQ 2 - CNPQ) e Dr. Jesuíno Arvelino Pinto (UNEMAT).

 


PRAZO PARA RECEBIMENTO DE TEXTOS: ATÉ 01 DE DEZEMBRO DE 2024.