No 3 (2004): Inventário
EDICOLA ELETRÔNICA
Tomando emprestado o título de uma das quinze obras da artista plástica Silva Felci - Edicola azzurronero - que enriquecem essa edição da revista, chamou-se o editorial de Edicola Eletrônica. Edicola vem do latim aedicula (pequeno templo) e possui, em língua italiana, dois significados: chamava-se, antigamente, edicola uma pequena construção que continha uma estátua ou uma imagem sacra; em seguida, passou a significar um quiosque utilizado para vender jornais e similares. Além disso, segundo os verbetes do Dicionário Houaiss (2001, p. 1099), edícula possui, em língua portuguesa, dois significados: 1. pequena casa; 2. nicho para colocar imagem de santo; oratório; de acordo com a etimologia latina, o significado primitivo do vocábulo era: lar, local onde se acende um fogo, uma lareira. Hoje, poderíamos ainda, acrescentar um terceiro uso do significante edicola: quiosque virtual para a divulgação e venda de revistas, de livros através do meio eletrônico, ou seja, remete-se a uma edícula eletrônica. Exatamente essa é a definição e o propósito da revista dos estudantes do programa de pós-graduação da Ufba, Inventário. A revista, desde o seu surgimento, em setembro de 2003, visa a tornar públicas e difundir, nacional e internacionalmente, graças à acessibilidade e ubiqüidade do meio eletrônico, as pesquisas desenvolvidas por vários grupos e a efervescência intelectual que anima os programas de pós-graduação das universidades brasileiras, bem como estrangeiras, relacionadas com as áreas de letras, ciências humanas e afins.
Os dois primeiros números, cada um possuindo um Conselho Executivo rotativo, caracterizaram-se pela prevalência de artigos e dossiês referentes aos estudos culturais e associados à memória cultural brasileira. Neste número, tentou-se dar uma atenção maior às pesquisas da área de lingüística histórica, contemporânea e aplicada. Três dos cinco artigos dizem respeito a questões debatidas no âmbito da lingüística contemporânea: fonética e fonologia (Vera Pacheco /IEL/Unicamp), gramaticalização (Raquel Meister Ko. Freitag /PPGL/UFSC) e tradução intersemiótica (Sergio Romanelli /PPGLL/Ufba); e dois outros se relacionam a assuntos associados com os estudos literários: a memória cultural (Alexandra Santos Pinheiro/ IEL/Unicamp) e gênero e identidade (Íris de Carvalho Sá Hoisel/ PPGLL/Ufba).
O numero três, por sua vez, dá continuidade a uma tradição editorial iniciada no número dois da revista - com a publicação do dossiê Caetano Velloso organizado pela Prof.a Dr.a Eneida Leal Cunha (PPGLL/Ufba) - apresentando o dossiê De teorias contemporâneas da lingüística para a historia da língua portuguesa, organizado pela Prof.a Dr.a Rosa Virginia Rosa Barreto de Mattos Oliveira e Silva (PPGLL/Ufba). Neste segmento, estão reunidos oito artigos, resultantes de alentadas monografias referentes às disciplinas que a professora ministrou, no segundo semestre de 2003, nomeadamente, Seminários Avançados III (LET 678) e A língua portuguesa das origens ao período arcaico (LET 666).
Com o intuito de tornar essa edicola sempre mais atualizada, não somente no que diz respeito aos debates da cultura acadêmica contemporânea, mas também aos critérios estéticos próprios aos novos templos do sagrado mundo da Web, tomou-se a iniciativa de oferecer aos nossos leitores uma apresentação gráfica do referido site, completamente renovada.
Agradecendo, finalmente, a todos os membros do Conselho Executivo, do Conselho Editorial, bem como a todos os autores, à artista plástica, Silva Felci, ao web designer, Gilmário Nogueira, e a todos os outros colaboradores, tem-se a certeza de ter entregado à grande edícula eletrônica um produto de qualidade e representativo dos debates culturais da academia brasileira. Convidam-se então todos os leitores a acessarem nosso templo, com entusiasmo, interesse, fervor herético e crítico.
Sergio Romanelli
Editor