UMA REFLEXÃO SOBRE AS MÚLTIPLAS REPRESENTAÇÕES DE SHAKESPEARE
DOI :
https://doi.org/10.9771/revin.v0i29.47295Résumé
Shakespeare é um homem de muitas faces. Seu rosto está presente em pinturas, desenhos, filmes, séries e até mesmo bolos ou patinhos de borracha. Apesar disso, a incerteza ronda seus retratos considerados oficiais. Porém, há uma ideia construída coletivamente de como Shakespeare se parece: reconhecemos de imediato a figura relativamente calva, de rosto plácido e com feições aquilinas que não chegam a ser feias ou bonitas, usando um brinco em uma de suas orelhas e vestido com um colarinho branco que era moda nos séculos XVI e XVII. Esse reconhecimento da figura shakespeariana se dá pela reprodução da imagem do Bardo de Avon como um signo carregado de um sentido cultural. Nós, contemporâneos, reproduzimos esse signo a fim de colaborar com a bricolagem imagética que temos do texto de partida, que é a vida e a obra do maior dramaturgo inglês. Cada pessoa que reproduz a imagem shakespeariana modifica, parodia, presta homenagem e redesenha aquilo que se tem como a imagem tradicional. É nesse perpétuo ato de modificar a tradição que este ensaio pretende trazer uma reflexão sobre a perpetuação da vida e da obra de Shakespeare, tendo como base as reconfigurações feitas através dos anos.