ATÉ, MEU BEM, PROVAR QUE NÃO, NEGRO SEMPRE É VILÃO”: RACISMO E SEXISMO EM UM CONTO DE CONCEIÇÃO EVARISTO.
Palabras clave:
Literatura negro-brasileira, Escrita negra feminina, Conceição Evaristo, Literatura brasileira.Resumen
Este trabalho irá analisar o conto “Maria”, integrante do livro Olhos D’água (2014), da autora mineira Conceição Evaristo. A partir de um lugar contra hegemônico, a autora constrói um mundo subjetivo adensado para a personagem principal, diferentemente do que costumamos ver em representações literárias da chamada Literatura Brasileira, propondo uma rasura no lugar que é ocupado por corpos negros dentro do cânone. CRENSHAW (2002) diz sobre a necessidade de uma consideração mútua das marcas identitárias de gênero e raça. Além dela, sustentaremos a análise com base em valores integrantes da diáspora negra, como a noção de ancestralidade como via de acesso ao real (OLIVEIRA, 2007) e o operador da negritude (MUNANGA, 2009) para o entendimento do corpo negro a partir de ações e vivências que se aproximam do agenciamento coletivo proposto por DELEUZE e GUATTARI (1977). O entendimento de GONZALEZ (1984) acerca do corpo da mulher negra e suas implicações na cultura brasileira também será entrelaçado com a análise do conto, pois ela aponta para uma sistematização que o racismo assume e para a forma que ele afeta violentamente o corpo da mulher negra em particular. Como resultado, será evidenciado de que maneira as estruturas racistas e sexistas atravessam essa narrativa e a “escrevivência” de Conceição Evaristo.Descargas
Citas
BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e branquitude no brasil. In: Psicologia social do racismo – estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
CRENSHAW, Kimberle W. A intersecionalidade na discriminação de raça e gênero. In: VV.AA. Cruzamento: raça e gênero. Brasília: Unifem, 2002.
DELEUZE, G., GUATTARI, F. Kafka: por uma literatura menor. Tradução Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Imago, 1977.
EVARISTO, Conceição. Olhos D´água. Rio de Janeiro: Pallas, 2014.
GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, 1984.
LEITE, Fábio. Valores civilizatórios em sociedades negro-africanas. In Introdução aos estudos a África contemporânea. São Paulo: Centro de Estudos Africanos da USP, 1984.
MBEMBE, Achille. As formas africanas de auto-inscrição. Estudos Afro-Asiáticos, Ano 23, nº 1, 2001.
MUNANGA, Kabengele. Negritude: Usos e Sentidos, 3ª edição. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
NOGUEIRA, Oracy. Preconceito de marca. Edusp, São Paulo, 1998.
OLIVEIRA, David Eduardo de. Filosofia da ancestralidade: corpo e mito na filosofia da educação brasileira. Curitiba: Editora Gráfica Popular, 2007
RAMOS, Alberto Guerreiro. Patologia social do “branco” brasileiro. IN: RAMOS, Alberto Guerreiro. Introdução crítica à sociologia brasileira. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1995
SUKA, Carlos Lima. Ilê de Luz. In: ILÊ AIYÊ. Canto Negro [CD]. Salvador: Eldorado, 1989.