UMA UMA REPRESENTAÇÃO DESAFIADORA
LEITURA DE COMPLÔ CONTRA A AMÉRICA, DE PHILIP ROTH
Resumo
Este artigo apresenta algumas reflexões sobre a representação literária com foco na obra Complô contra a América (2005), de Philip Roth, por se tratar de um romance que, devido à sua difícil classificação quanto ao gênero, suscita discussões sobre o estatuto da ficção. Buscou-se analisar, em caráter introdutório, o lugar da representação (da mímesis) e suas perspectivas, passando da visão aristotélica revisitada por Lima (2000) até a proposta romântica de Paz (2013), levando-se em consideração os desdobramentos da sistematização da representação literária, em especial o moralismo do status literário. Em seguida, tencionou-se averiguar as formas de representação passíveis de serem atribuídas ao romance de Roth, tais como autoficção, roman à clef, romance contrafactual e autobiografia, traçando pontos de contato e de divergência com o texto rothiano. A metodologia, de cunho bibliográfico, utilizou-se de referenciais teóricos relacionados ao tópico. A investigação levou-nos à constatação de que a obra analisada desafia as convenções da classificação literária, carregadas de um possível teor moralizante, aspecto em relação ao qual Roth, em seus escritos, sempre adotou uma postura crítica.