A GUERRA FRIA COMO ELEMENTO FUNDADOR NA NARRATIVA DE MIRACLEMAN, DE ALAN MOORE
Palavras-chave:
Quadrinhos. Miracleman. Alan Moore. Guerra Fria.Resumo
Com uma história permeada por censuras e afastamentos forçados em direção à marginalidade, os quadrinhos seguem como uma modalidade narrativa com potencialidades expressivas próprias, criando e recriando realidades e convocando à construção de sentidos. Há leitores que os leem pela diversão, e outros apreciam abordagens mais sérias. A representação de assuntos referentes à economia, política e direitos civis tornou-se recorrente a partir da década de 1950, notavelmente pela tradição dos atomic comics (“quadrinhos atômicos”). Tais produções, que se fundamentavam em assuntos das ciências e de descobertas científicas do pós-Guerra para construírem personagens e tramas, tem como um dos protagonistas o super-herói Miracleman, criado em 1954 pelo escritor e desenhista Mick Anglo. O presente trabalho consiste em analisar a Guerra Fria como um elemento fundador das histórias do personagem, precisamente nas dezesseis edições escritas por Alan Moore na revista Warrior, entre os anos de 1982 e 1989. Para tanto, lança-se mão de pressupostos da História pelos autores Paulo Vizentini (2003), Márcio Salerno (2004), Márcio Rodrigues (2011), Sean Purdy (2015), José Arruda (2003) e Eric Hobsbawn (1995). E, para questões referentes a aspectos formais e narrativos próprios da linguagem dos quadrinhos, proposições do teórico belga Thierry Groensteen (2015).Downloads
Referências
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