DITONGAÇÃO DIANTE DE <S> NA BAHIA ONTEM E HOJE: ALiB e APFB

Autores

  • Amanda dos Reis Silva Universidade Federal da Bahia Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia

Palavras-chave:

Ditongação diante de <S>, Atlas Prévio dos Falares Baianos, Atlas Linguístico do Brasil.

Resumo

O presente trabalho volta-se à observação da ditongação diante de <S>, como se observa em ‘trê(i)s’, ‘rapa(i)z’, ‘arro(i)z’. Destaca-se o fato de ser esse um aspecto fonético-fonológico característico do Português Brasileiro. Ademais, conforme comprovam dados apresentados por Silva (2014), pertinentes aos registros de capitais brasileiras, trata-se de um elemento diferenciador de áreas linguísticas no Brasil. Visando a prosseguir os estudos a propósito deste tipo de ditongação, procura-se averiguar a realidade de localidades situadas no Estado da Bahia, em dois tempos. Parte-se dos registros de cartas linguísticas publicadas no Atlas Prévio dos Falares Baianos (APFB) (ROSSI et al, 1963) e dos dados levantados a partir dos inquéritos linguísticos realizados pelo Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Salienta-se que são consideradas as especificidades de cada corpus. Para o APFB, primeiro atlas linguístico regional do Brasil, são contemplados os registros de dez das suas 198 cartas publicadas, as quais apresentam sílabas fechadas por <S>. Elas registram as respostas de informantes homens e mulheres, analfabetos ou semialfabetizados, em 50 localidades baianas, priorizando a informação de natureza diatópica. Para o ALiB, das 22 cidades da rede de pontos do Estado da Bahia, verificam-se as elocuções de informantes naturais de Barra, Caetité, Carinhanha, Itaberaba, Jacobina, Jeremoabo, Santana, Santa Cruz Cabrália e Vitória da Conquista, que são comuns à rede de pontos do APFB.  Ouviram-se dois homens e duas mulheres, com escolaridade até o nono ano do Ensino Fundamental, pertencentes a duas faixas etárias (faixa I: de 18 a 30 anos; faixa II: de 50 a 65 anos). Alinhavando as perspectivas da Dialetologia e da Sociolinguística Variacionista, procura-se oferecer um retrato da ditongação diante de <S>, na área baiana, em duas sincronias distintas. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Amanda dos Reis Silva, Universidade Federal da Bahia Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia

Licenciou-se em Letras Vernáculas, entre os anos de 2008 e 2011, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Durante esse período, atuou como bolsista de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no âmbito do projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), iniciativa de caráter interinstitucional e de grande importância para os estudos referentes à diversidade da língua portuguesa no Brasil. Vincula-se ao ALiB ainda atualmente. É Mestre em Língua e Cultura, pelo Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura da UFBA, no qual ingressou no ano de 2012. Defendeu a dissertação intitulada A Ditongação em Sílabas Fechadas por /S/: nas trilhas das capitais brasileiras, em fevereiro de 2014. Desde aquele momento, cursa o Doutorado em Língua e Cultura, na mesma instituição de ensino, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Jacyra Andrade Mota (ALiB / CNPq / UFBA), desenvolvendo tese pertinente ao processo de ditongação diante de /S/ e às características acústico-articulatórias das vogais, em falares do Estado da Bahia. Dedica-se, sobretudo, a temas referentes à diversidade do Português Brasileiro, ao ensino de língua materna e à interface fonético-fonológica da Língua Portuguesa.

Referências

CARDOSO, Suzana Alice et al. Atlas Linguístico do Brasil. v.1. v.2. Londrina: EDUEL, 2014.

CARDOSO, Suzana Alice. Geolinguística: tradição e modernidade. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

CARDOSO, Suzana Alice; MOTA, Jacyra Andrade. Sobre a dialectologia no Brasil: para uma nova divisão dos estudos dialetais brasileiros. In: MOTA, Jacyra Andrade; CARDOSO, Suzana Alice (Org.). Documentos 2: Projeto Atlas Lingüístico do Brasil. Salvador: Quarteto, 2006. p. 15-26.

COMITÊ NACIONAL. Atlas Lingüístico do Brasil: Questionários 2001. Londrina: EDUEL, 2001.

DOCUMENTAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL. Disponível em: < http://biblioteca.ibge.gov.br>. Acesso em julho de 2016.

FERREIRA, Carlota; CARDOSO, Suzana. A dialetologia no Brasil. São Paulo: Contexto, 1994.

HEAD, Brian. A comparison of the segmental phonology of Lisbon and Rio de Janeiro. 1964. Tese (Doutorado). University of Texas (Austin). Texas, 1964.

LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. Tradução de Marcos Bagno, M. Marta Pereira Scherre e Caroline R. Cardoso. Rio de Janeiro: Parábola, 2008 [1972].

LEITE DE VASCONCELOS, José. Esquisse d’une dialectologie portugaise. 2. ed. Centro de Estudos Filológicos: Lisboa, 1970 [1901].

RÉVAH, I.S.. L’évolution de la prononciation au Portugal et au Brésil du XVIe siècle à nos jours. In: PRIMEIRO CONGRESSO BRASILEIRO DE LÍNGUA FALADA NO TEATRO, 1, 1956, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1958. p. 387-402.

ROSSI, Nelson; FERREIRA, Carlota; ISENSEE, Dinah. Atlas Prévio dos Falares Baianos. Rio de Janeiro: MEC/INL,1963.

SOUSA DA SILVEIRA, Álvaro. Lições de português. 4.ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940.

WEINREICH, Uriel; LABOV, William; HERZOG, Marvin. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança lingüística. Tradução de Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2006 [1968].

Downloads

Publicado

2016-12-22

Como Citar

Silva, A. dos R. (2016). DITONGAÇÃO DIANTE DE &lt;S&gt; NA BAHIA ONTEM E HOJE: ALiB e APFB. Inventário, (19). Recuperado de https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/18231

Edição

Seção

Artigos