BIOPOLÍTICAS DA CENA TEATRAL INDEPENDENTE: a construção de um espaço de subjetividade alternativo
Resumo
Frente ao panorama atual das controvérsias sobre dramaticidade e teatralidade (um ambiente terminológico e conceitual que atravessa e afeta os diversos âmbitos em que continuam a ser desenvolvidas as análises, os modos de transmissão e a geração de novas poéticas da encenação), proponho-me a observar, ao longo deste artigo, o conjunto de condições diferenciais que singularizam os modos de gerar (e gerenciar) poéticas da cena, no contexto da produção teatral independente da cidade de Buenos Aires. No percurso, a voz do crítico e historiador de teatro argentino, Jorge Dubatti, emerge para retomar a encruzilhada do “teatro pós-moderno” e confrontá-lo às novas dramaturgias da cena, sob a categoria de “segunda modernidade”. Trata-se de um fenômeno socioartístico em ebulição, que procede se reapropriando das ferramentas que disponibiliza e com as quais produz ideias, percepções e memória (um teatro da “estimulação”). Nele, o “biopolítico” incide sobre a tecedura das múltiplas e facetadas produções teatrais, não já como um meio para veicular conteúdos ideológicos, mas como o micro-espaço de construção de uma “subjetividade alternativa”: uma tecedura imaginal que a comunidade se dá a si mesma, como forma de reparação frente à inércia da paralisia. O artigo indaga, pois, sobre a mistura de gestos, códigos e cumplicidades que constroem o solo de uma dramaturgia compartilhada, somente decifrável pelos membros de uma comunidade que se sente atravessada pelo mesmo agon político, sociocultural, urbano, contemporâneo e imaginal. PALAVRAS-CHAVE: Dramaturgia(s). Teatro independente. Biopolítica. Construção de subjetividade.
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