A queixa escolar como dano secundário: um estudo de caso sobre aquisição da escrita

a case study on writing acquisition

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.9771/re.v13i02.46537

Resumen

Este estudo é síntese de trabalho realizado no Estágio Obrigatório Curricular em Psicologia e Educação no curso de Psicologia da Universida- de Federal do Paraná. As intervenções foram realizadas na modalidade de atendimento da Orientação à Queixa Escolar (OQE), em uma perspectiva vigotskiana. A intervenção foi realizada com Luís, 11 anos, matriculado na rede pública de ensino do estado, com queixas relativas à produção escrita, diagnosticado com dislexia e apresentando uma deficiência no metacarpo do quinto dedo (mindinho) de ambas as mãos. A intervenção com Luís ob- jetivou: investigar as condições em que se processou a aquisição da leitura e escrita na sua trajetória escolar; investigar o sentido da escrita em sua vivência escolar; e explorar alternativas junto à rede de relações escolares para a superação das dificuldades. A análise demonstrou que um elemento importante relativo às dificuldades de Luís com a escrita relacionava-se com a incapacidade de seu meio escolar em empregar instrumentos de exercício da atividade escrita que não envolvessem o manejo de lápis e papel, algo até então não considerado durante seu processo de escolarização. Com a introdução de um notebook, constatou-se que, apesar das dificuldades, Luís estava em um estágio mais avançado do processo de aquisição da escrita do que revelavam suas produções escolares. O uso do equipamento permitiu- -lhe um engajamento com a escrita menos preocupado com o controle do lápis (o que lhe produzia imenso desconforto) e mais atento ao sentido da escrita nas atividades escolares, servindo como um meio de compensação.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Camylla Graboski, Universidade Estadual de Maringá

Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná, participante do Laboratório de Psicologia Histórico-Cultural na mesma instituição. 

Bruno Peixoto Carvalho , Universidade Federal do Paraná

Professor adjunto no Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná. Membro do Laboratório de Psicologia Histórico-Cultural (LAPSIHC) na mesma instituição. 

Citas

ANGELUCCI, C. B.; LINS, F. R. S. Pessoas significativamente diferentes e o direito à educação: uma relação atravessada pela queixa. In: SOUZA, B. P. (org.). Orientação à queixa escolar. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. p. 329-349.

DAVIDOV, V. V. Desenvolvimento psíquico da criança. In: PUENTES, R. V.; CARDOSO, C. G. C.; AMORIM, P. A. P. (org.). Teoria da atividade de estudo: contribuições de D.B. Elkonin, V. V. Davidov e V. V. Repkin. Curitiba: CRV, 2019. v. 1. p. 175-190.

GAUDENZI, P.; ORTEGA, F. O estatuto da medicalização e as interpretações de Ivan Illich e Michel Foucault como ferramentas conceituais para o estudo da desmedicalização. Interface: comunicação, saúde, educação, Botucatu, v. 16, n. 40, p. 21-34, jan./mar. 2012.

KLEIN, L. M.; SILVA, G. L. R. Armadilha da inclusão: contraposições entre deficiência, diferença e desigualdade social. In: BARROCO, S. M. S.; LEONARDO, N. S. T.; SILVA, T. S. A. (org.). Educação especial e Teoria Histórico-cultural: em defesa da humanização do homem. Maringá: EdUEM, 2012. p. 23-39.

LURIA, A. R. O desenvolvimento da escrita na criança. In: VIGOTSKI, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 11. ed. São Paulo: Ícone, 2010. p. 173-176.

MEIRA, M. E. M. Construindo uma concepção crítica de psicologia escolar: contribuições da psicologia histórico-cultural e da psicologia sócio-histórica. In: MEIRA, M. E. M; ANTUNES, M. A. M. (org.). Psicologia escolar: teorias críticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. p. 13-78.

MEIRA, M. E. M. Incluir para continuar excluindo: a produção da exclusão na educação brasileira à luz da Psicologia Histórico-Cultural. In: FACCI,

M. G. D., MEIRA, M. E. M.; TULESKI, S. C. (org.). A exclusão dos incluídos: uma crítica da Psicologia da Educação à patologização e medicalização dos processos educativos. Maringá: EdUEM, 2011. p. 75-106.

MOYSÉS, M. A. A.; COLLARES, C. A. L. Dislexia e TDAH: uma análise a partir da ciência médica. In: CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO; GRUPO INTERINSTITUCIONAL QUEIXA ESCOLAR. Medicalização de crianças e adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doença de indivíduos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. p. 71-110.

PALHUZI, B. C. C. O conceito vigotskiano de compensação na narrativa clínica de Oliver Sacks. 2020. Dissertação (Mestrado em Psicologia da Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2020.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Instrução No09/2018 – SUED/SEED. Estabelece critérios para o Atendimento Educacional Especializado por meio da Sala de Recursos Multifuncionais [...]. Curitiba: SEED, 2018. Disponível em: https://www.educacao.pr.gov. br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2019-12/ instrucao_092018.pdf. Acesso em: 6 mai. 2019.

PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.

SANTOS, A. A. C. Uma proposta de olhar para os cadernos escolares. In: SOUZA, B. P. (org.) Orientação à queixa escolar. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.

SOUZA, B. P. Apresentando a orientação à queixa escolar. In: SOUZA, B. P. (org.). Orientação à queixa escolar. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007a. p. 13-24.

SOUZA, B. P. Funcionamentos escolares e a produção de fracasso escolar e sofrimento. In: SOUZA, B. P. (org.) Orientação à queixa escolar. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007c. p. 241-278.

SOUZA, B. P. Trabalhando com dificuldades na aquisição da língua escrita. In: SOUZA, B. P. (org.). Orientação à queixa escolar. 2. d. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007b. p. 137-163.

SOUZA, B. P.; SOBRAL, K. R. Características da clientela de orientação à queixa escolar: revelações, indicações e perguntas. In: SOUZA, B. P. (org.). Orientação à queixa escolar. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. p. 119-134.

SOUZA, M. P. R. A queixa escolar e a formação do psicólogo. 1996. Tese (Doutorado em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.

TIMIMI, S. Insane medicine: how the mental health industry creates damaging treatment traps and how you can escape them. Londres: Mad In America Foundation, 2020. Disponível em: https://www. madinamerica.com/insane-medicine/. Acesso em: 15 abr. 2019.

TULESKI, S.; CHAVES, M.; BARROCO, S. M. S. Aquisição da linguagem escrita e intervenções pedagógicas: uma abordagem histórico-cultural. Fractal: revista de psicologia, Niterói, v. 24, n. 1, p. 27-44, jan./abr. 2012.

VIGOTSKI, L. S. A defectologia e o estudo do desenvolvimento e da educação da criança anormal. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 4, p. 861-870, dez. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022011000400012. Acesso em: 10 maio 2021.

VIGOTSKI, L. Acerca de la psicología y la pedagogía de la defectividad infantil. In: VIGOTSKI, L. S. Obras escogidas: fundamentos de defectología. Madrid: Machado Libros, 2012. v. 5. p. 73-95.

Publicado

2023-09-08

Cómo citar

Graboski, C., & Peixoto Carvalho , B. . (2023). A queixa escolar como dano secundário: um estudo de caso sobre aquisição da escrita: a case study on writing acquisition. Revista Entreideias: Educação, Cultura E Sociedade, 12(02). https://doi.org/10.9771/re.v13i02.46537

Número

Sección

Artigos