MOVIMENTO AFROVEGANO:

DISCURSO INTERSECCIONAL NO CRUZO DO RACISMO COM O ESPECISMO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/contemporanea.v20i1.45914

Palavras-chave:

Racismo, intersensorialidade, especismo, afroveganismo

Resumo

Neste artigo, abordamos as inter-relações entre alimentação, religião e política com o objetivo de analisar os discursos presentes na comunicação antirracista e antiespecista produzida pelo Movimento Afro Vegano (MAV). O afroveganismo tem em seu horizonte os fundamentos da interseccionalidade, que entrelaçam marcadores sociais, raciais, de gênero, de classe entre outros, e concebe que as expêriencias no combate ao racismo podem contribuir com o movimento de combate ao especismo, avançando na luta pela libertação animal. Entretanto, os discursos do MAV são questionados em relação ao sacrifício de animais realizados pelas religiões de matriz africana. Para este estudo, temos a análise de discurso como principal conduta teórico-metodológica. O corpus é formado por dois textos: o Recurso Extraordinário (RE) 494601, do Supremo Tribunal Federal (STF), relativo ao sacríficio de animais e o texto publicado pelo MAV nas redes sociais, posicionando-se frente ao mencionado RE. O referencial teórico mobiliza, principalmente, autores dos estudos da interseccionalidade e da análise de discurso.

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Biografia do Autor

Antônio Souza, ESPM

Doutorando e mestre do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo (PPGCOM ESPM-SP). Integrante do grupo de pesquisa Biocon ("Comunicação, Discursos e Biopolíticas do Consumo") e bolsista Prosup/Capes.

Tânia Hoff, ESPM

Professora titular do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo (PPGCOM ESPM-SP), doutora pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorado pela PUC-SP. Coordenadora do grupo de pesquisa Comunicação, discursos e biopolíticas do consumo.

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Publicado

2022-11-11

Edição

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Artigos