TESTEMUNHOS REVELADOS POR TECNOLOGIAS RACISTAS:

FOTOGRAFIAS DE FAMÍLIA E RESSIGNIFICAÇÃO DE PRECARIEDADES NO YOUTUBE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/contemporanea.v19i3.45894

Palavras-chave:

Fotografia, Racismo, Testemunho

Resumo

Este artigo analisa fotografias retiradas de “arquivos” familiares, apresentadas por Samuel Gomes em um vídeo publicado no canal Guardei no Armário, no YouTube. Abordamos a relação de sujeitos racializados com as (im)possibilidades tecnológicas instauradas pelo sistema fotográfico de produção, considerando-as para além da intenção inicial do vídeo de celebração e rememoração. A partir das reflexões de Didi-Huberman, observaremos essas imagens como testemunhos, atos de fala, que nos revelam muito sobre as condições nas quais essas imagens foram produzidas. Constatamos que o racismo impregnado nos aparelhos contribui para que a consolidação de um padrão do que é belo subsidiado na branquitude. A configuração tecnológica racista se torna um obstáculo à construção de memória das pessoas negras, dificultando a preservação de registros familiares para sujeitos racializados por meio das fotografias, apagando traços e singularidades de quem compõe a maior parte do povo brasileiro.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pedro Augusto Pereira, UFMT

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Poder (PPGCOM) da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) com bolsa Demanda Social da CAPES. Membro do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Política e Cidadania (CICLO).

Tamires Ferreira Coêlho, UFMT

Professora Adjunta do Departamento de Comunicação Social e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Doutora em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), líder do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Política e Cidadania (CICLO).

Referências

BENTO, Maria Aparecida da Silva. Pactos narcísicos no racismo: branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público. 2002. Tese (Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

CARVALHO, José Jorge de. Racismo fenotípico e estéticas da segunda pele. Revista Cinética, [S.l.], 2008. Disponível em: https://bit.ly/3hYYMUc. Acesso em: 5 abr. 2020.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Quando as imagens tomam posição. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2017.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Remontagens do Tempo Sofrido. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2018.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Imagens apesar de tudo. São Paulo: Ed. 34, 2020.

FELDMAN, Ilana. Imagens apesar de tudo: problemas e polêmicas em torno da representação, de “Shoah” a “O filho de Saul”. ARS, São Paulo, v. 14, n. 28, p. 135-153, 2016. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2178-0447.ars.2016.124999.

FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Sinergia Relume Dumará, 2009a.

FLUSSER, Vilém. O universo das imagens técnicas: elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume, 2009b.

FONTANARI, Rodrigo. Roland Barthes e a fotografia. Discursos fotográficos, Londrina, v.6, n.9, p.53-76, jul/dez. 2010.

GOMES, Samuel. Celebrando a vida, um esquenta para Youtube Black Brasil | Chá com S. YouTube, 19 nov. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3vTomCc. Acesso em: 27 nov. 2020.

hooks, bell. Vivendo de Amor. Geledés, [S.l.], 9 mar. 2010. Disponível em: https://bit.ly/3tQXTCN. Acesso em: 27 nov. 2020.

hooks, bell. Olhares Negros: raça e representação. São Paulo: Elefante, 2019.

KAISS, Helena. Tecnologia, publicidade e cor da pele: relação entre imagem e racismo a partir do desenvolvimento da tecnologia fotográfica. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Jornalismo) – Setor de Artes, Comunicação e Design, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2018.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

KOSSOY, Boris. Fotografia e história. 2. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.

KOSSOY, Boris. Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. 3. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2014.

MARQUES, Ângela Cristina Salgueiro. Política da imagem, subjetivação e cenas de dissenso. Discursos fotográficos, Londrina, v. 10, n. 17, p. 61-86, 2014. DOI: http://dx.doi.org/10.5433/1984-7939.2014v10n17p61.

MENDONÇA, Ricardo Fabrino. Identidade e representação: as marcas do fotojornalismo na tessitura da alteridade. In: VAZ, Paulo Bernardo. Narrativas fotográficas. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 17-57.

ROTH, Lorna. Questão de pele: os cartões Shirley e os padrões raciais que regem a indústria visual. Zum: Revista de fotografia, São Paulo, 10, abr. 2016. Disponível em: https://bit.ly/3hUTHwb. Acesso em: 27 nov. 2020.

SILVA, Tarcízio. Teoria Racial Crítica e Comunicação Digital: conexões contra a dupla opacidade. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 42., 2019, Belém. Anais […]. Belém: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2019a.

SILVA, Tarcizio. Visão Computacional e Vieses Racializados: branquitude como padrão no aprendizado de máquina. In: COPENE NORDESTE: EPISTEMOLOGIAS NEGRAS E LUTAS ANTIRRACISTAS, 2., 2019, João Pessoa. Anais […]. Goiânia: Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, 2019b.

VAZ, Paulo Bernardo. Narrativas fotográficas. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

Downloads

Publicado

2022-05-02