TERRITORIALIDADES DE ESCUTA: SONS E SILÊNCIOS EM BATALHAS DE POESIA

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.9771/contemporanea.v21i3.55374

Palabras clave:

slam, sonoridades, ambiências

Resumen

Neste artigo temos por objetivo discutir batalhas de poesia (slams) como territorialidades sônico-musicais (Fernandes; Herschmann, 2015) afetivas e potentes, em que o corpo se torna instrumento de fala e de escuta em rituais de partilha. Tais performances, popularizadas no país na última década, buscam criar espaços de expressão e têm sido promovidas especialmente em locais periféricos de centros urbanos ou por comunidades socialmente minoritárias, como de mulheres, pessoas negras ou LGBTQIA+. Consideramos, desse modo, que não apenas as trilhas sonoras que acompanham as batalhas como as sonoridades produzidas pelos atores dão forma às ambiências (Thibaud, 2013) do slam, representadas em seus modos de “estar-junto” (Maffesoli, 1998). Assim, pensando nas sonoridades em suas dimensões afetivas (Moreaux, 2014) e políticas (Lima, 2019), nesta análise refletimos sobre as dinâmicas de sons e silêncios nos slams como importantes elementos produtores de sentidos. Para tal, metodologicamente utilizamos a observação participante das performances de dois eventos de slam: o Slam da Onça, em uma associação comunitária no bairro de Sussuarana, em Salvador, na Bahia, e o Slam 188, do qual participamos em uma praça no centro do Rio de Janeiro.

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Biografía del autor/a

Danielle Marcia Hachmann de Lacerda da Gama, UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutoranda em Comunicação (PPGCOM-UERJ), mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), graduada em Comunicação pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Membro do grupo de pesquisa Comunicação, Arte e Cidade (CAC-UERJ) e bolsista CAPES. dani.dagama@hotmail.com

Cíntia Sanmartin Fernandes, UERJ

Doutora e mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e coordenadora do grupo de pesquisa Comunicação, Arte e Cidade na UERJ. cintiasan90@gmail.com

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Publicado

2024-04-26

Número

Sección

Artigos