BIG BROTHER BRASIL E OS EFEITOS DE SENTIDO SOBRE TRANSEXUALIDADES: UMA ANÁLISE DAS MATÉRIAS DO G1 SOBRE ARIADNA ARANTES E LINN DA QUEBRADA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/contemporanea.v21i2.53289

Palavras-chave:

Análise de Discurso, Big Brother Brasil, Gênero, Teorias do Jornalismo, Transexualidade

Resumo

Este artigo parte de uma inquietação sobre as possíveis mudanças no discurso a respeito das duas participantes transexuais na história do reality show Big Brother Brasil, Ariadna Arantes, em 2011, e Linn da Quebrada, em 2022. Considerando os onze anos de diferença entre as participações, buscamos compreender se houve uma mudança nos efeitos de sentido utilizados para noticiar a participação delas a partir da análise de notícias do G1. Partindo de uma discussão teórico/metodológica sobre teorias do jornalismo e com o arcabouço da Análise do Discurso francesa, analisaremos as matérias publicadas durante o mês de janeiro de 2011 e 2022, momento em que a rede Globo inicia a divulgação sobre o elenco do programa. Buscamos diagnosticar o surgimento de um novo olhar para as identidades de gênero transexuais na imprensa. 

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Biografia do Autor

Dandara Oliveira Lima, Universidade de Brasília (UnB)

Pesquisadora de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília (PPGCOM-UnB), com bolsa de pesquisa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). É membro do Grupo de Pesquisa "Madalenas em Ação: estudos feministas e de gênero em comunicação". É especialista em Marketing Digital pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e jornalista graduada pela Faculdade de Comunicação (FAC/UnB). Atualmente, é Assessora Especial no Ministério das Mulheres, integrante do Observatório da Violência Contra Jornalistas do Ministério da Justiça e coordenadora de comunicação voluntária do Projeto Todaz na Política. Pesquisa gênero, discurso de ódio, desinformação e redes sociais.

Liliane Maria Macedo Machado, Universidade de Brasília (UnB)

Doutora em História pela Universidade de Brasília (2006) e pós-doutorado em comunicação pela Universidade Federal de Goiás (2022).  Desde agosto de 2011 é professora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, atualmente, como associado 1. Na função de pesquisadora do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação da UnB orienta trabalhos de mestrado, doutorado e pós-doc; desenvolve estudos concernentes aos seguintes temas: comunicação e estudos feministas e de gênero, comunicação e cidadania, legislação e regulação em comunicação, além de coordenar o grupo de pesquisas Madalenas em Ação: estudos feministas e de gênero em comunicação. Na graduação ministra as disciplinas de Legislação e Direito à Comunicação e Teoria do Jornalismo.

Aline Czezacki Kravutschke, Universidade de Brasília (UnB)

Pesquisadora de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília (PPGCOM-UnB). É membro do Grupo de Pesquisa "Madalenas em Ação: estudos feministas e de gênero em comunicação". Especialista em Comunicação em Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/2021). Jornalista graduada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/2016). Atualmente é Oficial de Comunicação na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

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2024-03-20

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Artigos