MOVIMENTO AFROVEGANO:
DISCURSO INTERSECCIONAL NO CRUZO DO RACISMO COM O ESPECISMO
DOI:
https://doi.org/10.9771/contemporanea.v20i1.45914Palavras-chave:
Racismo, intersensorialidade, especismo, afroveganismoResumo
Neste artigo, abordamos as inter-relações entre alimentação, religião e política com o objetivo de analisar os discursos presentes na comunicação antirracista e antiespecista produzida pelo Movimento Afro Vegano (MAV). O afroveganismo tem em seu horizonte os fundamentos da interseccionalidade, que entrelaçam marcadores sociais, raciais, de gênero, de classe entre outros, e concebe que as expêriencias no combate ao racismo podem contribuir com o movimento de combate ao especismo, avançando na luta pela libertação animal. Entretanto, os discursos do MAV são questionados em relação ao sacrifício de animais realizados pelas religiões de matriz africana. Para este estudo, temos a análise de discurso como principal conduta teórico-metodológica. O corpus é formado por dois textos: o Recurso Extraordinário (RE) 494601, do Supremo Tribunal Federal (STF), relativo ao sacríficio de animais e o texto publicado pelo MAV nas redes sociais, posicionando-se frente ao mencionado RE. O referencial teórico mobiliza, principalmente, autores dos estudos da interseccionalidade e da análise de discurso.
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