Frantz Fanon e a descolonização
DOI:
https://doi.org/10.9771/aa.v0i66.47750Palavras-chave:
Frantz Fanon, Descolonização, Racismo, RevoluçãoResumo
Em 1952, um médico martinicano desconhecido chamado Frantz Fanon publicaria uma contundente denúncia do racismo estrutural na região do antigo Império Francês. Seu livro, Pele negra, máscaras brancas, além de ter pela primeira vez traçado um diagnóstico psiquiátrico da alienação causada pelo racismo, introduziria uma série de inovações como a interdisciplinaridade e o processualismo, que seriam em seguida adotadas pelas ciências sociais. Mas também revelaria uma decepção sofrida com o tratamento que recebeu na metrópole e um descontentamento com os temas propostos pelos movimentos de contestação então existentes, concluindo sua obra com mais dilemas do que soluções. Nos anos seguintes, Fanon se tornaria um militante anticolonialista mundialmente respeitado, como dirigente da Frente Nacional de Libertação da Argélia. Publicaria então, meses antes do seu falecimento, Os condenados da terra, uma áspera crítica das soluções políticas estabelecidas na África pós-colonial. Porém, no momento em que o movimento social estava internacionalmente se diversificando e as culturas tradicionais ganhavam destaque na pós-colonialidade, ele promoveria uma depreciação sistemática daquelas culturas e uma superestimação do papel dos partidos revolucionários, os quais, vitoriosos, terminaram decepcionando a humanidade militante, ao instituir uma espécie de neoabsolutismo e criar novos sistemas de exploração e opressão.
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