Quando o que se discute é a realidade: Um Defeito de Cor como provocação à História
DOI:
https://doi.org/10.9771/aa.v0i55.24131Palavras-chave:
Um defeito de cor, Revolta dos Malês, Literatura e crítica literária, História Social.Resumo
O romance Um defeito de cor, publicado em 2006 por Ana Maria Gonçalves, pode ser considerado um acontecimento no cenário da produção literária contemporânea brasileira. Além de se destacar por seu fôlego e pela matéria da qual se propõe a ser uma reelaboração, a saber, o nosso ainda traumático passado escravista, o livro tem um foco narrativo inédito em nossas letras: uma escrava ou, se consideramos a condição da narradora ao final de sua vida, quando dita relato, uma liberta. A constituição desse texto literário se realiza como contraponto à, reconhecida e declarada, obliteração da história do povo negro no país. Nesse sentido, o romance estabelece intrínseca relação com a disciplina História e a ela faz uma provocação. O presente trabalho pretende compartilhar algo da investigação acerca do modo como são criadas correspondências entre a forma do romance e um discurso histórico. No mesmo contínuo, procuraremos sinalizar os aspectos passíveis de ocupar o campo do literário e que compõem os esforços dos pesquisadores da história social empenhados em elaborar narrativas comprometidas com as perspectivas dos negros em relação ao nosso século XVIII e XIX. Ancorados nessa trama complexa, delinearemos um movimento presente no qual as oposições “ficção e realidade” e “ficção e história” voltam a interpelar da crítica literária uma revisitação e ressignificação de seus critérios.
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