Geni é bicha: dissidência queer, performatividade e disputas de sentido
DOI:
https://doi.org/10.9771/rr.v1i01.69017Palavras-chave:
Teatro brasileiro contemporâneo, Ópera do malandro, Identidade de gênero, Perfechatividade, GeniResumo
Este artigo propõe uma análise crítica da peça
Ópera do Malandro, de Chico Buarque, com ênfase na construção dramatúrgica da personagem Geni. Partindo da faceta dramatúrgica, a menos conhecida do autor, examina-se como sua peça adota estratégias do teatro épico brechtiano para construir uma crítica ambivalente e irônica à ordem social. O estudo retoma a caracterização original de Geni/Genivaldo, figura masculina afeminada, a fim de tensionar releituras identitárias recentes que promovem uma normatização de sua identidade de gênero. Com base na “perfechatividade de gênero” (Colling et al.) e na crítica queer à pós-verdade, discutem-se as controvérsias em torno da escalação de Thainá Duarte para o filme Geni e o Zepelim, de Anna Muylaert. Em diálogo com o dossiê, o artigo interroga o papel da identidade na arte crítica contemporânea, propondo que Geni, em sua ambiguidade, desafia tanto as normas da masculinidade quanto os imperativos atuais da representatividade, emergindo como figura bicha dissidente e irredutível às categorias fixas do reconhecimento.
Downloads
Referências
CASTRO, Ruy. Só Deus sabe até onde o Chico acertou. Revista Isto é, O9/08/1978.
COLLING, Leandro; ARRUDA, Murilo Souza; NONATO, Murilo Nascimento. Perfechatividades de gênero: a contribuição das fechativas e afeminadas à teoria da performatividade de gênero. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 57, p. e195702, 2019.
CULLER, Jonathan. Teoria Literária: uma introdução. Trad. Sandro Vasconcelos. São Paulo: Beca Produções Culturais LTDA, 1999.
Folha de São Paulo. Filme 'Geni e o Zepelim' terá atriz protagonista trans após escalação criticada nas redes. Ilustrada, 19 abr 2025. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2025/04/filme-geni-e-o-zepelim-tera-atriz-protagonista-trans-apos-escalacao-criticada-nas-redes.shtm. Acesso: 27 jul 2025.
GENETTE, Gérard. Palimpsestes (La littérature au second degré). Paris: Seuil, Collection “Poétique”, 1982.
HOLLANDA, Chico Buarque; GUERRA, Ruy. Calabar, o elogio da traição. 13ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira: 1980.
HOLLANDA, Chico Buarque. Roda Viva. Rio de Janeiro: Editora Sabiá, 1968.
HOLLANDA, Chico Buarque; PONTES, Paulo. Gota d’água. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.
HOLLANDA, Chico Buarque. Ópera do Malandro. São Paulo: Círculo do Livro, 1985.
LOPES, Ana Cristina Caminha Viana. Calabar, o elogio da traição: um novo drama histórico. Dissertação. Programa de PósGraduação em Letras, Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2006.
LUIZ, Macksen. Um teatro marcado por adaptações. Jornal do Brasil - junho/2004. Disponível em https://www.chicobuarque.com.br/textos?Tipo=5&Busca=. Acesso: 25 jul 2025.
MACIEL, Diógenes André Vieira. O teatro de Chico Buarque. In: Chico Buarque do Brasil. Rio de janeiro: Garamond, 2004.
MATTA, Roberto da. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.
PASQUIM. Entrevista com Chico Buarque. 28 de novembro de 1975. Disponível em: https://www.aio.com.br/questions/content/leia-abaixo-o-trecho-da-entrevista-dada-por-chico-buarque-ao-jornal-pasquim. Acesso em 25 jul 2025.
SANT’ANNA, Afonso Romano de. (1982)
THÜRLER, Djalma. Chico Buarque: Teatro e Intertextualidade. Disponível em https://revistacontemporartes.blogspot.com/2011/05/chico-buarque-teatro-e.html. Acesso em 25 jul 2025.
THÜRLER, Djalma. The Boys Next Door e a desfamiliarização da experiência da deficiência. Gêneros e sexualidades: visões criticamente culturais. (Coleção Pós-Crítica). Organização: Paulo César García, Fábio Gatti. 1ª. Ed. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2024.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Djalma Thürler

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os/as usuários/as poderão ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir os textos integralmente desde que sejam claramente mencionadas as referências aos/às autores/as e à Revista Repertório. A utilização dos textos em outros modos depende da aprovação dos/as autores/as e deste periódico.
Os conteúdos emitidos em textos publicados são de responsabilidade exclusiva de seus/suas autores/as e não refletem necessariamente as opiniões da Revista Repertório.


