O Embalo do filho morto: mulheres negras e a necropolítica no processo de criação da performance Giustizia, non Pietà
DOI:
https://doi.org/10.9771/rr.v1i39.49069Palavras-chave:
Processo de criação; Performance; Mulheres negras; Necropolítica; Histórias de vida.Resumo
Este artigo exibe o processo de criação da performance intitulada Giustizia, non Pietà (2019), integrante da tese de doutorado intitulada Memórias de um Corpo Negro Feminino: Narrativas Poéticas, Ancestralidade e Processos Criativos, realizada no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas-PPGAC-UFBA . A pesquisa se sustenta no fazer poético por meio da linguagem da performance, busca percorrer as subjetividades encontradas em distintas narrativas das experiências de vida de mulheres negras no contexto brasileiro, bem como em fragmentos autobiográficos da autora. Tais narrativas são evocadas nos fragmentos de histórias que funcionam como disparadores para criação artística. Sob a ótica decolonial, se ampara na epistemologia feminista negra ao valorar a experiência vivida e os conhecimentos e sabedorias que delas advêm. O processo de criação de Giustizia, non Pietà problematiza o genocídio institucionalizado que faz dos corpos negros, corpos abjetos. Em cena, uma mãe negra embala lenta e silenciosamente o filho morto. Sua pose e seu corpo em estado de performance revisitam a figura da Pietà, a conhecida imagem-tema da arte cristã.
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