Revista Periódicus lança chamada de textos para dossiês de 2023

2022-07-25

Confira abaixo a íntegra das propostas (em português, espanhol e inglês) e quem são as pessoas organizadoras. As submissões devem ser enviadas pelo site https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaperiodicus/index

A revista Periódicus foi criada em 2014 e é uma publicação semestral do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Culturas, Gêneros e Sexualidades (NuCuS), vinculado ao Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos e ao Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade, da Universidade Federal da Bahia.  A revista é editada por Leandro Colling, Helder Thiago Maia, Matheus Araujo dos Santos, Léa Menezes de Santana, Marcelo de Troi e Euclides Neto, integrantes do NuCuS. A revisão gramatical e de normas é realizada pela Editora da Universidade Federal da Bahia.

Circular em alianças: metodologias de colaboração e movimentos entre mundos.

Circular entre mundos não é um fenômeno totalizante. Circula-se com e a partir de desigualdades, choques e violências. Como alianças evidenciam e encontram brechas para ampliar a articulação de resistências e formas mais dignas de colaboração? Essa pergunta é o ponto de partida desta chamada.

As monoculturas devoram o pluriverso – o mundo onde cabem muitos mundos, como nomeia o movimento Zapatista –, e geram processos de alienação da terra que afetam a todes, mas não de modo equiparável. A devastação gera contatos, migrações forçadas e necessidades de criação de redes para articular as lutas que se iniciam pela terra e água – entendendo terra e água como vivas em distintos mundos, povos, cosmologias, modos de vida e produção. Desejamos fazer deste número um espaço de compartilhamento de saberes sobre as possibilidades e desafios de colaboração tendo em vista diferentes posicionalidades dentro de um sistema destruidor da terra que hierarquiza corpos, territórios e epistemologias.

Como corpos e coletivos se movem e se conectam por terra e nas redes sociais, pelas nuvens (por avião) e pela nuvem (por cabos submarinos)? Como músicas, danças e outras práticas expressivas e formas de coletividade dão sentido a conexões e práticas de cuidado? 

Nos interessam principalmente reflexões metodológicas entre territórios, lutas e sentir-pensares que considerem a ecologia e a formação de alianças de modo antirracista e feminista. Nos interessam também narrativas que excedam a separação entre elaborações teóricas e os processos de onde elas nascem.

São bem vindas contribuições sobre metodologias de circulação; alianças parciais entre arte, ativismos, movimentos sociais e pesquisas acadêmicas; contra-narrativas, contra-arquivos e contra-cartografias; disputas de narrativas socioambientais e críticas às monoculturas; articulações entre heterocisnormatividades e monoculturas; existências trans e pluriversos; extrativismos e descolonização de imaginários; processos de colaboração e seus limites; armadilhas e interrupções em parcerias nos espaços acadêmicos e institucionais. 

Data limite para envio dos textos: 1 de fevereiro de 2023

Maria Fantinato G. Siqueira, doutora em Música, Universidade Columbia / pós-doutoranda no departamento de Antropologia Cultural, Universidade Duke.

Camila Nobrega R. Alves, doutoranda na Divisão de Gênero do departamento de Ciência Política da Universidade Livre de Berlim / Jornalista transmídia

Vered Engelhard, doutorande e professore bolsista (teaching fellow) no departamento de Estudos Culturais Latinoamericanos e Ibéricos na Universidade Columbia / artista independente

 

Não binariedade: uma identidade emergente no Brasil contemporâneo

A questão das identidades trans não-bináries tem sido tema de crescente visibilidade e interesse no Brasil contemporâneo, mas também de ataques em campos distintos. A decisão de proibir o uso de linguagem neutra pelo estado de Rondônia, forma de tratamento de pessoas não-bináries na língua portuguesa, acabou levando a questão ao ministro do STF Edson Fachin, que decidiu suspender a interdição em novembro de 2021. Diante de um cenário de emergência de identidades não bináries no campo cultural e político, é fundamental que façamos circular as reflexões teórico-crítica que abarquem os questionamentos e produções subjetivas inter-gênero, que provocam abalos nos modos organizacionais binários do pensamento e da nossa forma de ver o mundo. A proposta do presente dossier, sendo assim, é um chamamento para textos teóricos, traduções, entrevistas, poemas, manifestos, textos de crítica cultural, que tematizem a questão das não binariedades enquanto transidentidades.

Data limite para envio dos textos: 1 de junho de 2023

Organização:

Adriana Azevedo - Professore substitute do departamento de Teoria Literária da UFRJ e doutora em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio

Andrey Chagas - Doutorando em Comunicação e Cultura na UFRJ

Walla Capelobo - Mestra em Estudos Contemporâneos das Artes no PPGCA (IACS/UFF)

Referências bibliográficas:

 

ANZALDUA, Gloria. A vulva é uma ferida aberta & outros ensaios. Rio de Janeiro: Bolha Editora, 2021.

BORNSTEIN, Kate. Gender outlaw – On men, women and the rest of us. Nova York: Vintage, 2016.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero – feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

HALBERSTAM, Jack. Masculinidad Femenina. Madrid: Editora Egales, 2012.

NASCIMENTO, Letícia. Transfeminismo. São Paulo: Editora Jandaíra, 2020.

QUEBRADA, Linn da. Fissura. Série Pandemia. São Paulo: N-1 Edições, 2021.

RAJUNOV, Micah. Nonbinary: memoirs of gender and identity. Nova York: Columbia University Press, 2019.

VAID-MENON, Alok. Beyond the gender binary. Nova York: Penguin Workshop, 2020.

VERGUEIRO, Viviane. Sou travestis: estudando a cisgeneridade como uma possibilidade decolonial. Distrito Federal: Padê Editorial, 2018.