Masculinidades cisgêneras e os controles de acesso da comunicação heteroterrorista // Cisgender masculinities and the access controls of heteroterrorist communication
DOI:
https://doi.org/10.9771/peri.v1i13.35656Resumen
O presente estudo objetivou descrever um modus operandi cisgênero de divulgação de notícias falsas com conteúdos que remetem a gênero e sexualidade, com vistas a reconhecer estratégias comunicacionais de manipulação heteroterrorista nas eleições presidenciais do ano de 2018 no Brasil. Para tanto, utilizamos a categoria “controladores de acesso”, de Raewyn Connell (2016), aprofundando-a em outros possíveis desdobramentos, ao observarmos o contexto político brasileiro contemporâneo, que garante (1) rito jurídico de legitimidade do lugar para candidaturas e conteúdos com possibilidade de veiculação; (2) o trânsito de conteúdos falsos condizentes com o imaginário de quem encontra respaldo nesse lugar legitimado, em função da possibilidade de candidaturas cujos discursos oficiais manifestam publicamente a abjeção por determinados conteúdos – que tem impacto e afetação na vida de pessoas; e (3) o comportamento dos veículos de comunicação mainstream que tiveram ferramentas construídas para desmentir as notícias falsas, ou que negligenciaram a construção de tais ferramentas, aproveitando-se também do lugar do legitimado. O referencial teórico visa construir uma narrativa sobre comunicação de guerra, encontrando na história do século 20 as funções que determinadas veiculações de conteúdos têm, quando encontram legitimidade nos lugares dados como possíveis de pertencimento; e como essa história é, na realidade, história do presente, apresentando-se em roupagens outras no século 21, em um contínuo ancestrofuturista. Aqui, circunda todo o texto a comunicação na pós-humanidade, em que há complexas tramas comunicacionais e circulação de informações multiplataformas que nos constituem em hibridez humano-máquina. Os aspectos metodológicos contaram com (1) coleta e sistematização das notícias veiculadas durante o período selecionado, bem como (2) imagens (prints) feitas a partir das plataformas comunicacionais mainstream estudados (o tecnohabitat): as ferramentas Fato ou Fake, das Organizações Globo, e seus compartilhamentos no Facebook; com vistas a oferecer a possibilidade de o/a leitor/a visualizar efetivamente os formatos e diagramações das notícias em questão, considerando também a estética da comunicação como reflexão de análise. Por fim, a categoria de análise que propusemos e intitulamos “controladores de acesso da agenda pública” mostrou-se útil para pensar as relações entre cisgeneridade, branquitude, masculinidade e os espaços de trânsito comunicacionais, sobretudo, no que tange os aspectos políticos e sociais da vida pública que espetacularizam-se como nunca; e, como nunca, nos afetam.
Palavras-chave: Masculinidades; Cisgeneridades; Controle de Acesso; Agenda Pública.
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