A contrarrevolução preventiva como eixo da política brasileira

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/gmed.v16i1.59046

Palavras-chave:

Anticomunismo, Benjamin Constant, Contrarrevolução, Desenvolvimento desigual e combinado, Educação de cegos

Resumo

Este artigo tem como ponto de partida um episódio exemplar da precocidade com que determinados desenvolvimentos históricos podem se dar em países inseridos hipertardiamente no sistema capitalista mundial. Encara a trajetória da sociedade brasileira como uma expressão nacional do funcionamento da “lei do desenvolvimento desigual e combinado”, formulada por León Trotsky a partir da análise das especificidades da Revolução Russa de 1917. Por ela, explica-se a combinação de características “atrasadas’ e “modernas” nas sociedades que entraram no mundo capitalista industrial e financeiro quando este já se encontrava sob a hegemonia das economias imperialistas. Aponta, por fim, a forte presença da estratégia anticomunista contrarrevolucionária preventiva por métodos democráticos na sociedade brasileira em uma época já caracterizada, nos países capitalistas hegemônicos, pela predominância da perspectiva contrarrevolucionária reativa em face da “ameaça comunista”.

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Biografia do Autor

Renato Lemos, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Doutor em História (UFF). Professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8323539189448449. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-0453-0493. E-mail: renatoluislemos@gmail.com.

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Publicado

2024-05-30

Como Citar

Lemos, R. (2024). A contrarrevolução preventiva como eixo da política brasileira. Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 16(1), 666–687. https://doi.org/10.9771/gmed.v16i1.59046