A Petrobras como um vetor da contrarrevolução preventiva brasileira: a relação entre o empresariado e as políticas petrolíferas no contexto do golpe de 1964

Autores

  • Julio Cesar Pereira de Carvalho Universidade Federal Fluminense (UFF)

DOI:

https://doi.org/10.9771/gmed.v16i1.58866

Palavras-chave:

Petrobras, Ditadura empresarial-militar, Contrarrevolução preventiva, Empresariado brasileiro, Política energética

Resumo

Este artigo tem o objetivo de evidenciar a cadência orgânica entre a Petrobras, a ditadura e as classes dominantes brasileiras.  Na trilha dos autores que identificam o golpe de 1964 e o regime então instituído como militar e empresarial, são evidenciados elementos que apontam a ascensão de atores vinculados às indústrias privadas pela estrutura organizativa do Estado, em geral, e da Petrobras, em particular. Esse processo, segundo hipótese que rege o estudo, foi resultante do fato de a estatal do petróleo ter sido um dos vetores da contrarrevolução preventiva acirrada a partir da década de 1950.

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Biografia do Autor

Julio Cesar Pereira de Carvalho, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Doutorando em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É membro-pesquisador do Grupo de Trabalho Sobre Empresariado e Ditadura no Brasil (GTEDB) e do Grupo de Estudos René Dreifuss (GERD). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5563432252987348  Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7616-1244  E-mail: julio.pereiradecarvalho@gmail.com

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Publicado

2024-05-30

Como Citar

Cesar Pereira de Carvalho, J. (2024). A Petrobras como um vetor da contrarrevolução preventiva brasileira: a relação entre o empresariado e as políticas petrolíferas no contexto do golpe de 1964. Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 16(1), 317–340. https://doi.org/10.9771/gmed.v16i1.58866