O problema no enfoque do sofrimento feminino na pesquisa epidemiológica: por que determinantes sociais e não determinação social?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/gmed.v16i1.56886

Palavras-chave:

saúde mental, mulheres, determinação social da saúde, transtornos mentais

Resumo

Este ensaio explora a saúde mental das mulheres, conectando-a às estruturas de dominação-exploração de gênero, classe e raça. Sob a lente do feminismo marxista, da epidemiologia crítica latino-americana e da psicologia histórico-cultural, analisa pesquisas psiquiátricas epidemiológicas com uma perspectiva crítica. A discussão contrasta as diferenças teórico-metodológicas e implicações para a compreensão do sofrimento feminino entre a corrente dos determinantes sociais em saúde, adotados pela OMS, e a proposta latino-americana da determinação social, embasada no materialismo histórico-dialético. Tal discussão é crucial para superar análises desconectadas da totalidade, evitando explicações individualizantes e tendências à responsabilização e culpabilização das mulheres.

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Biografia do Autor

Bruna Bones, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Mestranda em Saúde Coletiva (UFPR). Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (UFPR). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7216426612114719. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-8314-7910. E-mail: brunabones@ufpr.br.

Renata Bellenzani, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Doutora em Saúde Coletiva (USP). Professora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná. Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (UFPR). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5545222663436009. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7211-6518. E-mail: renatabellenzani@hotmail.com.

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Publicado

2024-05-30

Como Citar

Bones, B., & Bellenzani, R. (2024). O problema no enfoque do sofrimento feminino na pesquisa epidemiológica: por que determinantes sociais e não determinação social? . Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 16(1), 1003–1029. https://doi.org/10.9771/gmed.v16i1.56886