Feminização do trabalho docente no brasil: aproximações iniciais a partir da Teoria da Reprodução Social

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/gmed.v16i1.56871

Palavras-chave:

Feminização, Trabalho docente, Teoria da Reprodução Social

Resumo

Objetivou-se analisar os determinantes sócio-históricos que explicam a feminização do trabalho docente no Brasil a partir da Teoria da Reprodução Social, considerando as necessidades do capitalismo como eixo central de análise. Ao compreender a escola e o trabalho docente como parte da reprodução social, em relação dialética e contraditória com a produção capitalista, esta teoria posiciona as mulheres como ponte entre produção e reprodução, tornando a escola um lócus privilegiado de estudos. Isso reafirma uma das formulações centrais da Teoria da Reprodução Social: de que o trabalho reprodutivo é também um espaço de luta contra o capitalismo.

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Biografia do Autor

Márcia de Fátima Rabello Lovisi de Freitas, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Doutora em Psicologia (UFSCar). Professora do Departamento de Educação I da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Pesquisadora do Grupo de Estudos sobre Teoria da Reprodução Social (UFES). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7995151225216788. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6478-3559. E-mail: freitas.marcia@ufba.br

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Publicado

2024-05-30

Como Citar

Freitas, M. de F. R. L. de. (2024). Feminização do trabalho docente no brasil: aproximações iniciais a partir da Teoria da Reprodução Social: . Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 16(1), 942–960. https://doi.org/10.9771/gmed.v16i1.56871