Juventudes precarizadas e a contrarreforma do Ensino Médio: a educação da classe trabalhadora no capitalismo flexível

Autores

  • Sayarah Carol Mesquita dos Santos Mestra em Educação. Grupo de Pesquisa em Gestão da Educação e Políticas do Tempo Livre (GESTOR/Universidade Federal de Pernambuco). Link do Grupo no CNPQ: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/13373 http://orcid.org/0000-0002-1419-6214
  • Katharine Ninive Pinto Silva Doutora em Educação. Universidade Federal de Pernambuco. Grupo de Pesquisa em Gestão da Educação e Políticas do Tempo Livre (GESTOR). Link do Grupo no CNPQ: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/13373 http://orcid.org/0000-0002-7293-4289

DOI:

https://doi.org/10.9771/gmed.v14i1.45546

Palavras-chave:

Juventudes precarizadas, Ensino Médio, Capitalismo flexível

Resumo

Este artigo analisa a noção juventudes precarizadas mediante as mudanças no currículo do Ensino Médio, que se situa no contexto da produção flexível do capitalismo. Adotamos o estudo documental, analisando a Lei n° 13.415/2017 e a Medida Provisória n° 746/2016, do governo de Michel Temer. A inclusão do itinerário técnico-profissional, fomento ao empreendedorismo, atividades à distância, flexibilização na oferta dos componentes curriculares são medidas estabelecidas na contrarreforma do Ensino Médio sintonizadas com a lógica da flexibilização produtiva do capitalismo, que intensifica a formação dos jovens da classe trabalhadora para as relações vigentes de mais desregulamentação, informalidade, terceirização e precarização laboral.

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Biografia do Autor

Sayarah Carol Mesquita dos Santos, Mestra em Educação. Grupo de Pesquisa em Gestão da Educação e Políticas do Tempo Livre (GESTOR/Universidade Federal de Pernambuco). Link do Grupo no CNPQ: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/13373

Mestra em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco (PPGEdu/UFPE), Especialista em Gestão Escolar pela UNIASSELVI/SC e Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Integrante do Grupo de Pesquisa em Gestão da Educação e Políticas do Tempo Livre (GESTOR/UFPE).  Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7979129745000059  Orcid: http://orcid.org/0000-0002-1419-6214 E-mail: sayarahcarol@hotmail.com 

Katharine Ninive Pinto Silva, Doutora em Educação. Universidade Federal de Pernambuco. Grupo de Pesquisa em Gestão da Educação e Políticas do Tempo Livre (GESTOR). Link do Grupo no CNPQ: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/13373

Pós-Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA, Mestra em Educação e licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professora Associada 2 do Núcleo de Formação Docente (UFPE) e do Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGEdu (Centro de Educação - Linha de Pesquisa em Política Educacional, Planejamento e Gestão da Educação). Vice-líder do Grupo de Pesquisa Gestor - Pesquisa em Gestão da Educação e Políticas do Tempo Livre (UFPE). Curículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6464562533995452  Orcid:  http://orcid.org/0000-0002-7293-4289 E-mail: katharineninive@gmail.com

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Publicado

2022-04-30

Como Citar

Santos, S. C. M. dos, & Silva, K. N. P. (2022). Juventudes precarizadas e a contrarreforma do Ensino Médio: a educação da classe trabalhadora no capitalismo flexível. Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 14(1), 517–535. https://doi.org/10.9771/gmed.v14i1.45546