– Germinal : Marxismo e Educação em Debate em transição para um novo coletivos de editores

2020-10-15

Germinal : Marxismo e Educação em Debate em transição para um novo coletivos de editores

Prezados autores, avaliadores, leitores, conselheiros, e todos aqueles que em algum momento emprestaram trabalho voluntário para a construção deste projeto editorial,

A certa altura de A Era dos Extremos – O breve século XX, diz-nos Eric Hobsbawm (1995, p. 253): “A maioria dos seres humanos atua como historiadores: só em retrospecto reconhece a natureza de sua experiência”. Nós – que há 13 anos[1] iniciamos um processo de produção de Germinal: Marxismo e Educação em Debate como um projeto de uma revista que visava abrir espaço para os autores que assumiam o marxismo como referencial teórico de sustentação de suas investigações, propondo-se a difundir e debater a problemática educacional à luz do marxismo – podemos nos perguntar: em que medida já nos é dado reconhecer “a natureza da nossa experiência”?

Com certeza estamos distantes de poder avaliar o maior ou menor impacto deste periódico amado e respeitado pelos educadores marxistas no Brasil. Com certeza têm passado por nós os clássicos do debate educacional brasileiro e toda uma nova geração sedenta de pensar o mundo à luz da concepção materialista e dialética da existência, que foi se formando no diálogo com a Germinal e dando sua contribuição para conformar a revista que temos. Com certeza podemos reconhecer que a temos construído enredados no oscilante e imprevisível sistema de avaliação da pós-graduação que induziu toda uma política de produtividade, à revelia do nosso interesse e da nossa vontade, sem garantir os recursos necessários para a sustentação das demandas da produção científica em ciências humanas.

Contando com muito trabalho voluntário e esperança produzimos uma revista que não separou o debate acadêmico da crítica da economia política. Publicamos 27 números até final de 2020, que (a) homenagearam os clássicos do marxismo (número dedicados a Karl Marx, Friedrich Engels e Vladimir Ilich Ulianov Lenin); (b) destacaram em artigos e entrevistas os grandes intelectuais do debate educacional brasileiro; (c) promoveram o debate das polêmicas teóricas, políticas e históricas próprias da formação social brasileira; (d) realizaram a crítica da conjuntura e da política educacional brasileira, garantindo espaço para os expoentes do debate nacional e para os jovens intelectuais que foram se construindo neste período por dentro dos mais de 195 Grupos de Pesquisa e mais de 72 instituições que publicaram conosco.

Em uma conjuntura de profundo ataque ideológico e de corte de recursos para as ciências humanas; em um movimento de elitização da formação para a ciência e da produção científica; adaptar-se às exigências de profissionalização das revistas é uma tarefa que já não pode ser garantida pelo trabalho voluntário dos autores e avaliadores coordenados por um comitê editorial. Urge uma articulação política dos grupos de pesquisa com vistas à proteção dos seus instrumentos de disputa de hegemonia. Urge auto-organização financeira exatamente quando nossas condições de trabalho e salário são duramente ameaçadas. A “natureza da nossa experiência”, associada ao método que abraçamos, alerta para imensos desafios conjunturais a serem enfrentados pelo comitê editorial de uma revista que cresceu em todas as direções no âmbito das ciências humanas e que precisa ser reformulada para tornar-se uma instância articulada de trabalho conjunto, para além da soma de indivíduos que isoladamente dão suas contribuições aqui e ali. A natureza da nossa experiência, a algum tempo, nos faz sinalizar a necessidade de movimento e mudança.

Após 13 anos, faz-se necessário formar um novo coletivo que projete a Germinal mais adiante. Um coletivo que (i) preserve o legado teórico do marxismo, (ii) promova a expansão do debate marxista nas ciências humanas, (iii) acompanhando as exigências da divulgação eletrônica, e (iv) articulando os grupos de pesquisa para a defesa e a proteção deste acalentado projeto editorial. Este novo coletivo será dirigido pelos Professores Rodrigo Castelo Branco Santos (Economista e Professor da Escola de Serviço Social na UNIRIO); pela Professora Marcia Santos Lemos (Historiadora, Professora do Departamento de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, atua no Programa de Pós-graduação em Letras: Cultura, Educação e Linguagens da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.) e pelo Professor Hélio Messeder Neto (Licenciado em Química, Professor da Universidade Federal da Bahia, no Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da UFBA/UEFS). Contará também com a participação dos professores Mario Mariano Ruiz Cardoso (Licenciado em Ciências Biológicas e Professor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – Campus Diamantina-MG) e Osvaldo Teodoro dos Santos Filho (Professor de História da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais).

Como dissemos antes, imensa quantidade de pessoas contribuíram para a produção de Germinal: Marxismo e Educação em debate na forma de trabalho voluntário ou como bolsistas[2], a quem agradecemos especialmente. A revista não existiria sem a participação dos mais de 200 autores que escolheram publicar e confiaram à Germinal sua produção, a quem agradecemos a confiança e a qualidade que deram a este projeto. Da mesma forma, um intenso e voluntário trabalho de leitura e revisão dos manuscritos não seria possível sem a participação dos revisores cujos nomes estão registrados no expediente de cada número ou de finais de ano e na página da Revista. É fundamental não deixar de agradecer a Laudicena Ribeiro (bibliotecária UEL) que com extrema competência técnica nos apresentou à ferramenta que viabilizou (na época, a baixo custo) a publicação e que nos orientou nos primeiros movimentos de domínio da ferramenta.

O trabalho da editoria seria muito solitário sem o apoio solidário dado pelo Prof. José Claudinei Lombardi, Prof. Maria de Fátima Félix Rosar e Prof. Pedro Leão da Costa Neto na reflexão sobre as saídas possíveis para os vários problemas que enfrentamos nestes 13 anos. Constituíram também o Conselho editorial os Professores Paulino Orso e Gilcilene Barão que assumiram a direção de números e contribuíram nos debates sobre a sua construção. Um imenso trabalho de revisão de manuscritos foi realizado por Maria de Fátima Rodrigues Pereira, Celi Nelza Zulke Taffarel, Maria de Fátima Félix Rosar, Pedro Leão da Costa Neto, Paulino Orso e Gilcilene Barão. Embora fora do Conselho Editorial, quero destacar aqui o trabalho sempre disponível para a tarefa da revisão feito pela professora Adriana D’Agostini. Os números de Germinal têm, aqui e ali, a preciosa decisão deste coletivo.

O projeto do Boletim Germinal e da Revista Germinal: Marxismo e Educação em Debate não existiriam sem a parceria de Maria de Fátima Rodrigues Pereira, minha paciente, solidária e afetuosa amiga. Sua capacidade e disposição para aprender não se encerra nunca, mantendo-se atenta à produção marxista nacional!! Sua solidariedade é extensa!! Sua capacidade de indignar-se com o rebaixamento teórico dos debates sem deixar de defender a formação e garantir o apoio aos que a levam a sério se expressou nos mais de 200 manuscritos que revisou desde a fundação da Revista. Distinguir um manuscrito inadequado ao escopo da revista e um manuscrito que estava em processo de amadurecimento foi uma qualidade que marcou os seus pareceres, e que garantiu a acolhida aos jovens pesquisadores que se apresentaram na Germinal: Marxismo e Educação em Debate.

Germinal tem sido também o nosso espaço de expressão, na forma dos convites para o diálogo, na forma dos editoriais, artigos e entrevista que aqui disseminamos em debate de ideias e crítica conjuntural. Resta do processo de construção deste projeto editorial (que porta escolas de pensamentos marxistas no campo do debate educacional) 13 anos de um imenso acervo de mensagens trocadas entre autores, avaliadores, leitores e membros do conselho editorial, organizadores dos diferentes números, além de gestores da UFBA e da UEL e técnicos dos diferentes setores necessários para viabilizar os números que foram ao ar!! Um acervo certamente revelador que documenta tudo o que fizemos para mantê-la viva, onde encontramos apoio[3] e onde encontramos silêncio e omissão. Obviamente, muito se vai ouvir dizer (e pouco se vai perguntar) sobre o erro e o acerto desta ou daquela decisão... que seja para fazer-nos avançar!!

Deixamos a Germinal para liberarmo-nos para outras tarefas. Temos confiança de que acertamos na escolha do coletivo em que a estamos aninhando.

Elza Margarida de Mendonça Peixoto

15.10.2020


[1] Desde 2005 os Encontros Brasileiros de Educação e Marxismo evidenciavam o interesse na articulação dos educadores e militantes marxistas. No dia 09.11.2007 enviei a Celi Taffarel uma mensagem de e-mail encaminhando a previsão de uma reunião para articulação dos educadores marxistas da educação física e da discussão de fundação de revista a ser levada à plenária final do V EBEM. No dia 12.11.2007 ocorreu a referida reunião na área aberta interna do Salão Nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia ocupada pelos estudantes em luta contra o REUNI. Entre outros assuntos, debatemos a necessidade de produção de um periódico marxista. A Ata da plenária final do V EBEM (14.22.2007) evidência, entretanto, que a questão seguiu ao plenário, com esclarecimento de Sueli Terezinha (organizadora do I EBEM) argumentando que já existia uma Revista da ABEM fundada e publicada desde 2005. Pelos registros, a tarefa da Revista da ABEM ficou sob os cuidados de Edmundo Fernandes Dias, indicado como Editor. No dia 30.11.2007, após a minnha Defesa de Doutorado, durante o almoço, pautamos a questão da Fundação da Revista dialogando, eu, Maria de Fátima Rodrigues Pereira, José Claudinei Lombardi, Francisco Máuri de Carvalho Freitas e Celi Taffarel sobre a tarefa. Entre março e abril de 2008 eu e Maria de Fátima elaboramos o projeto da revista que foi posteriormente apresentado ao Professor José Lombardi e com ele discutido por ooVoo naqueles dias. No dia 20.04.2008 enviamos os convites para o comitê Editorial que incluiu Dermeval Saviani, Edmundo Fernandes Dias, Francisco Máuri de Carvalho Freitas, Gaudêncio Frigotto, Gilcilene Barão, Ivo Tonet, José Luiz Sanfelice, José Paulo Neto, Lucia Neves, Maria Ciavata, Newton Duarte, Osvaldo Coggiola, Paulo Tumolo, Ricardo Antunes e Sergio Lessa, que responderam aceitando o convite. O Debate que lançou a revista e deflagrou o processo de confecção do primeiro número Modo de produção e educação, ocorreu no dia 13 de agosto de 2008, às 14h00, na Sala da Congregação da Faculdade de Educação da UNICAMP. O primeiro número, entretanto, só foi publicado em junho de 2009 pelo Portal de Periódicos da Universidade Estadual de Londrina. Em 2012, após longo processo burocrático de cessão de ISSN, a revista Germinal foi transferida da Universidade Estadual de Londrina para a Universidade Federal da Bahia.

[2] Em diferentes graus de colaboração e diferentes tipos de tarefas, fazem parte da história da Germinal: Ana Carla Conceição dos Santos (revisão da formatação); Ana Carla de Jesus Bispo (revisão da língua portuguesa e espanhola); Ana Lúcia de Macedo (versão resumos para espanhol; Azucena Geymonat (Versão resumos para espanhol); Camila Pivatto (versão resumos inglês); Edson do Espírito Santo Filho (padronização da formatação); Fátima Accorsini (revisão ABNT e padronização bibliográfica); Jacob Alfredo Iora (padronização da formatação); Janaina Rodrigues de Jesus (secretaria geral da revista, padronização da formatação e da ABNT); Jaqueline Rodrigues da Silva (padronização da formatação); José Arlen Beltrão de Matos (padronização da formatação e revisão dos metadados); Kilda Gimenez (versão resumos inglês); Juliana Ortheyer (revisão da editoração); Lorena Costa Batista dos Santos (secretaria geral da revista, padronização da formatação e da ABNT, revisão dos metadados); Luciana Silvestre (revisão da língua portuguesa); Viviane Boneto Pinheiro (revisão gramatical); Manoel Ronaldo Carvalho Paiva (revisão dos metadados, revisão da formatação e da ABNT); Marcelo Pereira de Almeida Ferreira (padronização da formatação); Marcia Morschbacher (revisão da editoração, assistência editorial); Mayara Lima (versão resumos inglês); Murilo Morais de Oliveira (versão resumos inglês); Osvaldo Alves dos Santos Júnior (Revisão de Formatação); Osvaldo Teodoro dos Santos Filho (padronização da formatação); Pedro Paulo de Lavor Nunes (padronização da formatação); Priscila Maia (criação do logotipo); Rogerio Massarotto Oliveira (padronização da formatação); Sandra Braganholo (Versão resumos para espanhol); Sonia Chagas Vieira (Revisão Normas ABNT para citações, resumos e referências); Vanessa da Silva Guilherme (revisão de formatação e secretaria geral da revista); Vanessa Soares Ribeiro (padronização da formatação); Vânia Pereira Moraes Lopes (padronização da formatação); Yuri Carlos Costa dos Santos (secretaria geral da revista, padronização da formatação e da ABNT)

[3]