CONGO (2021), DE MICHAEL CRICHTON
UMA ANÁLISE A PARTIR DOS DIREITOS ANIMAIS
Resumo
Ao longo de sua carreira literária, o escritor e roteirista estadunidense Michael Crichton (1942-2008) dedicou-se a explorar uma ampla gama de temas relacionados ao Antropoceno. Em meio à sua extensa biografia, a obra Congo (1980 [2001]) se destaca por desafiar a visão centrada no homem ao abordar, entre outros assuntos, os direitos animais. A trama, ambientada durante uma expedição à floresta africana que dá nome à obra, tem como personagem catalisador dessa temática Amy, uma gorila da montanha dotada de comportamentos humanos, destacando-se sua capacidade de se comunicar por meio da língua de sinais americana (ASL). Apesar de ter sido originalmente publicada há quase cinquenta anos, Congo (1980 [2001]) permanece atual ao abordar questões universais que ressoam contemporaneamente, principalmente pela exploração dos dilemas éticos ligados à pesquisa científica em uma sociedade cada vez mais sensível ao tratamento dos animais. Diante desse contexto, o presente artigo busca contribuir para os estudos que investigam a representação dos direitos animais na literatura, focalizando a identificação dos principais pontos que exploram as questões relacionadas a essa temática ao longo da narrativa, sob a influência dos pensamentos de Peter Singer e Tom Regan. Dessa forma, a análise narrativa revela questões como o tráfico de animais silvestres, as problemáticas em torno dos zoológicos e, principalmente, o uso de animais não humanos em experimentos científicos. Ao final, estabelecemos um debate sobre como Congo (1980 [2001]) se mostra como um interessante meio de reflexão sobre as complexas interações entre a humanidade e o reino animal.