CULTURA PRETA, REPRESENTATIVIDADE E ANTIRACISMO

OS DISCURSOS E DISPUTAS EM TORNO DE "A PEQUENA SEREIA"

Autores

  • Gilberto Alves Araújo UFPA & University of the Witwatersrand https://orcid.org/0000-0002-8177-0730
  • Odilia Cardoso UFPA
  • Gizélia Maria da Silva Freitas UFPA

Resumo

Este trabalho discute os modos pelos quais a política identitária ao redor e no cerne do filme A Pequena Sereia (2023) é tratada enquanto elemento constitutivo de um projeto político-econômico de sobrevivência da empresa estadunidense Disney. Nesse mesmo sentido, este artigo problematiza também os efeitos e implicações do tratamento dispensado a essa política identitária, que se associa às subjetividades e culturas negras, bem como à luta antirracista que estas demandam. Para tanto, recorre-se à metodologia dos Estudos Culturais (MORAN, 2015; CASHMORE, 1997) e a uma perspectiva eventualmente comparativa entre as versões do filme em 1989 e 2023. Empregam-se também, no bojo teórico desse debate, referenciais que tematizam identidades e manifestações culturais negras dentro e fora da indústria cultural, como Hooks (1995), Lee e Rover (1993), Haider (2019), dentre outros. Resultados dessa incursão analítica sugerem que o filme, a despeito de sua centralidade pretérita na branquitude, é artificialmente alterado para assegurar, dentre outras coisas, a aparência de inovação/disrupção, a partir de uma leitura mercadológica que a Disney opera de seus rivais na indústria. Semelhantemente, a companhia configura/lança a obra na esperança de garantir lucros financeiros e simbólicos mais abundantes. Ao mesmo tempo, a empresa se utiliza da obra para ofertar uma responsividade às demandas sociais por representação negra no cinema e ensaia uma execução de justiça/reparação histórica para com a cultura afro em pretensa oposição ao seu passado racista.

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Biografia do Autor

Gilberto Alves Araújo, UFPA & University of the Witwatersrand

PhD em Estudos do Discurso Midiático pela UNIVERSITY OF THE WITWATERSRAND, Johannesburg, com período sanduíche na UNIVERSITY OF MANNHEIM, Alemanha. É lider do grupo de pesquisa LICEPEX [Linguagem, identidade e cultura: ensino e pesquisa no médio Xingu], membro do GESTO [Grupo Interinstitucional de Estudos do Sentido - UFT] e afiliado à International Association of Media and Communication Research (IAMCR, Madri); é também membro tanto da UNEGRO (União dos Negros e Negras pela Igualdade), quanto da ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores Negros). É professor assistente de Língua Inglesa e Literaturas Anglófonas na UFPA (Universidade Federal do Pará), Campus Altamira. Possui Licenciatura Plena em Letras (Inglês e Português) pela Universidade Federal do Tocantins (2009). Foi monitor bolsista pelo PIM dessa mesma universidade durante sua graduação. Foi bolsista CAPES/FULBRIGHT/UNITED STATES EMBASSY (2013), tendo estudado língua, literatura e cultura Americana pela UNIVERSITY OF DELAWARE em Newark, EUA. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em LÍNGUA INGLESA, atuando principalmente nos seguintes temas: análise do discurso (crítica e francesa), ensino de língua inglesa e interpretação teatral. É mestre no Ensino de Língua e Literatura (2014), formado pelo PPGL-MELL da UFT (Universidade Federal do Tocantins) na qual desenvolveu um projeto de pesquisa voltado para análise do discurso no ensino de língua inglesa. Estudou também estratégias de ensino de língua estrangeira na UNIVERSITY OF NOTRE DAME em South Bend, EUA. Foi bolsista pela CAPES/FULBRIGHT e atuou como professor de língua e culturas do Brasil na MERCER UNIVERSITY (2014-2015) em Macon, EUA.

Odilia Cardoso, UFPA

Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação, Unicamp-SP, FE. Atualmente é professora efetiva da UFPA (Campus Altamira - PA). Ministra disciplinas de Língua Inglesa como Língua Estrangeira, Estágio Supervisionado e Literatura Anglófona aplicada ao ensino de LI. Tem como interesses acadêmicos a Formação de Professores, Linguagem e Cultura, Literatura Anglófona, Ensino e Aprendizagem e Recursos Tecnológicos aplicados ao ensino. Mestre em Linguagens e Saberes na Amazônia pelo Programa de Pós-Graduação da UFPA Campus de Bragança PA. Especialista em Língua Inglesa e Literaturas pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA). Graduada em Licenciatura em Letras com Habilitação em Língua em Inglesa pela UFPA. Trabalhou como professora de Língua Inglesa por quatro anos no Centro Cultural Brasil Estados Unidos (CCBEU) em Belém do Pará. Exerceu cargo temporário como professora de Língua Inglesa tipo II em Educação Básica no município de Concórdia do Pará e Castanhal-PA de 2011 a 2014. Exerceu cargo efetivo como professora de Língua Inglesa tipo II no município de Acará-PA de 2012 a 2015. Atuou como professora colaboradora do PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica) pela Universidade Federal do Pará e Universidade do Estado do Pará (UEPA) em municípios no Estado do Pará. Exerceu cargo de Vice-Diretora da Faculdade de Letras de 2016 a 2017, referente aos cursos de Língua Portuguesa e Língua Inglesa.

Gizélia Maria da Silva Freitas, UFPA

Professora da Universidade Federal do Pará, na área de Estudos Linguísticos; Graduada em Letras Português e Inglês, mestre em Letras, com ênfase em Linguística, pela UFPA (2012) e especialista em Estudos Linguístico e Análise Literária pela UEPA (2009). Atuou como Coordenadora do Curso de Graduação em Letras Língua Inglesa do campus universitário de Altamira (2018-2020) e vice-coordenadora do curso de pós-graduação lato sensu em Letras: linguagem e ensino, também no campus universitário de Altamira (2017-2019). Pesquisa sobre ensino e aprendizagem de inglês por crianças e formação de professores de línguas da região da Transamazônica-Xingu.

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Publicado

2023-12-23

Como Citar

Alves Araújo, G., Cardoso, O., & da Silva Freitas, G. M. (2023). CULTURA PRETA, REPRESENTATIVIDADE E ANTIRACISMO: OS DISCURSOS E DISPUTAS EM TORNO DE "A PEQUENA SEREIA". Revista Inventário, (32), 183–206. Recuperado de https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56345

Edição

Seção

Artigos