O INDIVÍDUO RURAL EM MARES E CAMPOS, DE VIRGÍLIO VÁRZEA
Resumo
Virgílio Várzea, natural da ilha de Florianópolis e ativo entre o final do século XIX e início do século XX, apesar de ter escrito obras das mais variadas, tornou-se sinônimo de autor marinista, ou, ocasionalmente, de um regionalista paisagístico. Buscaremos neste artigo posicioná-lo como um regionalista cujos objetivos e técnicas caminharam lado a lado com os de outros autores da época, como Afonso Arinos, Valdomiro Silveira e Coelho Neto, tendo buscado através de sua ficção uma compreensão do elemento humano presente no interior de sua ilha natal. Com a análise dos contos e de certas questões encontradas na obra Mares e campos, lançada em 1895, consideraremos temas enfrentados por Várzea em particular, e pelos regionalistas da época em geral, em relação à retratação do povo rural, incluindo seus embates contra a natureza dominante, os problemas socioeconômicos presentes, que podiam forçar migrações a centros urbanos, e também a posição da mulher nessa sociedade. Utilizando conceitos de Antonio Candido e de Ángel Rama, buscaremos iluminar questões da linguagem com a qual essas ficções foram construídas, considerando os discursos das personagens e dos narradores criados por Várzea e, também, posicionando as opções tomadas pelo autor catarinense em relação às de outros regionalistas.