O QUE ESTAMOS FAZENDO DOS NOSSOS AMORES?: BIXAS PRETAS QUE SE INCENDEIAM

Autores

  • Hilário Mariano dos Santos Zeferino Universidade Federal da Bahia

Palavras-chave:

Caio Prado, Decolonial, Representações de amor, Canção pop, Teoria da literatura.

Resumo

Compreendemos que, por meio da representação artística, a linguagem permeia a relação entre os sujeitos e a “realidade”. Dessa forma, pensamos, em diálogo com Foucault (1992; 2006), que se torna possível escrever-se enquanto sujeito e (re)escrever limites de uma estética de existência. Tomando o contexto ocidentalizado como lócus da nossa pesquisa e pensando, a partir de Mignolo (2005), que o imaginário social, rede simbólica que define parâmetros de representação, é constituído por um discurso colonial e suas autodescrições responsivas, optamos por pensar nas representações de imagens de amor de homens negros gays, pensando que corpos negros foram relegados a locais de pouca complexidade por uma organização colonial estrutural e estruturante das relações, incluídas dentro dessas a relação representacional. Disparados pelas canções do cantor e compositor negro e gay Caio Prado (2018), em seu segundo álbum Incendeia, buscaremos investigar as representações de amor de homens negros gays, tendo em mente a esquemática imagética do livro-glossário de Barthes (1989). Amparados na mudança de paradigma dos estudos literários (CULLER, 2005; SOUZA, 2010), compreendemos a presente pesquisa como contributiva para compreender como o discurso literário pop é parte de um dispositivo atravessado por fatos históricos e sociais e as consequências de suas reverberações no plano da representação Esse percurso permite a desestabilização de cânones de referência para a inscrição no discurso literário pop (HOISEL, 2014) como objeto de investigação. Além disso, são explorados os debates em torno da constituição de subjetividades, pertinentes a diversos âmbitos das ciências humanas (FOUCAULT, 2004; HALL, 2003).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Hilário Mariano dos Santos Zeferino, Universidade Federal da Bahia

Graduando em Letras Vernáculas pela Universidade Federal  da Bahia (UFBA). Integrante do grupo do Programa de Educação Tutorial do curso de Letras da Universidade Federal da Bahia (PET Letras/UFBA).

Referências

AGUILAR, Gonzalo. CÁMARA, Mario. A máscara e a pose. In: AGUILAR, Gonzalo. CÁMARA, Mario. A máquina performática. Tradução de Gênese Andrade. Rio de Janeiro: Rocco, 2017. p. 139-179.

AKOTIRENE, Carla. O que é interseccionalidade? São Paulo: Letramento, 2018.

ANAZ, Sílvio. Definindo canção pop. In: ANAZ, Sílvio. Pop brasileiro dos anos 80: uma visão semiótica da poética das canções mais cultuadas. São Paulo: Editora Mackenzie, 2006. p. 19-28.

BARTHES, Roland. Fragmentos de um discurso amoroso. Tradução Hortênsia dos Santos. Rio de Janeiro: F. Alves, 1981.

CULLER, Jonathan. Literatura e estudos culturais. In: CULLER, Jonathan. Teoria literária: uma introdução. Tradução de Sandra Vasconcelos. São Paulo: Beca Produções Culturais Ltda, 1999. p. 48-58.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Introdução: Rizoma. In: DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia vol. 1. Tradução de Ana Lúcia de Oliveira, Aurélio Guerra Neto e Celia Pinto Costa. São Paulo: Editora 34, 2011. 2. ed. p. 17-50.

DELEUZE, Gilles. A Literatura e a vida. In DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. Tradução Peter Pál Pelbart. São Paulo: Ed. 34, 1997.

DERRIDA, Jacques. Essa estranha instituição chamada literatura: uma entrevista com Jacques Derrida. Tradução de Marileide Dias Esqueda. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.

FOUCAULT, Michel. Uma estética da existência. Le monde, Paris, p. XI, 15-16 jul. 1984.

FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. São Paulo: Loyola, 1996.

FOUCAULT, Michel. A escrita de si. In: O que é um autor? Lisboa: Passagens, 1992. p. 129-160.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios do racismo cotidiano. Tradução de Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

HALL, Stuart. O Ocidente e o resto: discurso e poder. Projeto História, São Paulo, n. 56, p. 314-361, maio/ago. 2016.

HALL, Stuart. A identidade em questão. In: HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva e Guaracira Lopes Louro. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. p. 7-22.

INCENDEIA. Intérprete e compositor: Caio Prado. In: INCENDEIA. Intérprete e compositor: Caio Prado. Rio de Janeiro: Maianga Discos, 2017. 1 CD, faixa 8 (2 min 35 s).

MARQUES JÚNIOR, Joilson Santana. Notas sobre um itinerário bibliográfico: onde estão os homossexuais negros? Em pauta, Rio de Janeiro (RJ), v. 9, n. 28, p. 183-194, dez. 2011.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: N-1 edições, 2018.

O MESMO e o outro. Intérprete e compositor: Caio Prado. In: INCENDEIA. Intérprete e compositor: Caio Prado. Rio de Janeiro: Maianga Discos, 2017. 1 CD, faixa 4 (3 min).

MIGNOLO, Walter. A colonialidade de cabo a rabo: o hemisfério ocidental no horizonte conceitual da modernidade. In: LANDER, Edgardo (org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 35-54.

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. A gaia ciência. Tradução de Alfredo Margarido 4.ed. Lisboa: Guimarães Editores, 1987.

ROUGEMONT, Denis de. História do amor no ocidente. 2. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

SOUZA, Eneida Maria de. A teoria em crise. In: SOUZA, Eneida Maria de. Crítica cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p. 67-78.

Downloads

Publicado

2020-07-18

Como Citar

Zeferino, H. M. dos S. (2020). O QUE ESTAMOS FAZENDO DOS NOSSOS AMORES?: BIXAS PRETAS QUE SE INCENDEIAM. Revista Inventário, (25), 160–174. Recuperado de https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/34611

Edição

Seção

Artigos