As boçorocas urbanas e rurais no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.9771/geo.v0i1.54663Palavras-chave:
Erosão, Desertificação, Arenização, Drenagem, RecuperaçãoResumo
As boçorocas são grandes formas erosivas existentes em áreas degradadas do território brasileiro, distribuídas pelos espaços rural e urbano, relacionadas aos contextos de cobertura da terra, condições climáticas, declividades topográficas e tipos de solos. Este artigo visa apresentar uma síntese do estado da arte concei- tual das boçorocas e denominações nacionais e internacionais, com exemplos em diversos estados brasileiros representados pela cartografia em escala topográfica. As cartas das boçorocas localizadas em São Francisco de Assis (Rio Grande do Sul), Gilbués (Piauí), Buriticupu (Maranhão), Ouro Preto (Minas Gerais), Rio Claro (Rio de Janeiro) e Quatá (São Paulo); e imagens de sensoriamento remoto em Manaus (Amazonas) e Bauru (São Paulo) são resultados da análise geográfica buscando a compreensão das causas do desenvolvimento das grandes formas erosivas. As boçorocas rurais possuem condicionantes climáticos, ação do pisoteio do rebanho, fragilidade do solo, ausência de cobertura vegetal em áreas íngremes, considerando que mesmo em relevo colinoso, com baixa declividade, condições de degradação podem desenvolver as boçorocas. No caso das
boçorocas urbanas, foi notável a falta de projetos de drenagem urbana para direcionamento das águas pluviais para o curso d’água receptor, com concentração das águas pluviais em drenagem e erosão remontante. Existem práticas de controle das boçorocas com implantação de paliçadas em ravinas laterais, revegetação da cabeceira e fundo das grandes formas erosivas. Em relação às boçorocas urbanas, existem projetos para implantação de sistema de drenagem urbana para evitar a erosão remontante e zoneamento das áreas de risco.
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