RACISMO E MEMÓRIA LINGUÍSTICA NO ENSINO SUPERIOR
DOI:
https://doi.org/10.9771/ell.v0i78.55332Palavras-chave:
Racismo; Letramento; Poder; Escrita; Ensino superior.Resumo
Este trabalho apresenta uma análise de textos de 25 estudantes negras de ensino superior. Busca-se nela interpretar a conexão entre os discursos a respeito de sua própria educação formal e desafios sintáticos e textuais para a compreensão leitora e a produção textual, identificáveis na análise, que as enunciadoras encaram de forma mais intensa e expressiva em decorrência dos sistemas de exclusão do racismo estrutural no Brasil. Esses sistemas buscam impedi-las de que possam tornar nitidamente apreensíveis as forças ilocucionárias dos enunciados que lêem e escrevem de modo a delimitar com precisão compreensões responsivas possíveis e atos perlocucionários intencionados. Os resultados apontam para a conveniência de pedagogias de memória linguística que abranjam a reflexão em torno de como polícias discursivas esperam e exigem que a sintaxe e a textualidade se manifestem na modalidade escrita, particularmente, porém não exclusivamente, nos gêneros da esfera acadêmica.
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