CONSTRUÇÕES DE “TÓPICO SUJEITO” EM PORTUGUÊS BRASILEIRO E MINIMALIDADE NO MODELO DE AGREE
DOI:
https://doi.org/10.9771/ell.i72.46534Palavras-chave:
Construções de “tópico-sujeito”, Português brasileiro, Minimalidade, Caso inerenteResumo
Construções de “tópico sujeito” têm recebido bastante atenção na literatura sobre o português brasileiro (PB), dado que tópicos parecem se gramaticalizar como sujeitos, desencadeando concordância verbal. O modelo de Agree de Chomsky (2000, 2001, 2008) parece dispor dos ingredientes teóricos necessários para uma análise adequada dessas construções na medida em que C (um núcleo funcional da periferia esquerda geralmente associado ao mapeamento da sintaxe para o discurso) é tido como responsável, ao lado de T, por determinar concordância verbal e licenciar Caso nominativo. Este artigo discute três análises de construções de “tópico-sujeito” representativas dos tipos de abordagens disponibilizadas pelo modelo de Agree (AVELAR; GALVES, 2011, 2020; e MUNHOZ; NAVES, 2012) e argumenta que análises que tentam derivar “tópicos-sujeitos” com base em propriedades especiais da conexão C-T em PB estão fadadas a enfrentar problemas de minimalidade. Seguindo a proposta de Kato e Ordóñez (2019) de que a emergência de construções de “tópico sujeito” em PB está associada a mudanças em seus vP e DPs e assumindo com Nunes e Kato (no prelo) que essas mudanças levaram a um uso generalizado de Caso inerente em PB, o artigo mostra que Caso inerente provê o fator chave para a derivação de construções de “tópico sujeito” ao tornar ambientes opacos em ambientes transparentes para efeito de movimento-A (cf. NUNES, 2017).
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