DA NEGAÇÃO À REVISÃO: A FORMALIZAÇÃO LITERÁRIA DA COLONIZAÇÃO ISLÂMICA NA PENÍNSULA IBÉRICA EM EURICO, O PRESBÍTERO E EM HISTÓRIA DO CERCO DE LISBOA
DOI:
https://doi.org/10.9771/ell.v1i66.35458Palavras-chave:
Trauma, Memória cultural, Península Ibérica, Colonização islâmica.Resumo
O presente artigo propõe uma leitura acerca de como a presença do Islã na Península Ibérica, enquanto experiência traumática negada na memória portuguesa, é elaborada literariamente em Eurico, o presbítero, de Alexandre Herculano, e em História do cerco de Lisboa, de José Saramago. A fim de levantar subsídios para fundamentar a análise das obras, parte-se de uma revisão bibliográfica a respeito das noções de trauma e memória, tendo como horizonte o conceito de memória cultural cunhado por Jan e Aleida Assmann. Por meio deste estudo, penso que seja possível considerar ambos os romances como marcos da representação da presença islâmica na literatura portuguesa: Eurico, o presbítero figuraria, pois, como negação desse trauma fundacional e História do cerco de Lisboa, como revisão que restitui alteridades soterradas pelos cânones historiográfico e literário de Portugal.