Expandindo o conceito de ecossistema jornalístico
DOI:
https://doi.org/10.9771/contemporanea.v23i1.69441Palavras-chave:
Ecossistema jornalístico, ecossistema socio-tecnológico, paradigma ecológico, , campo do jornalismo, interações sistêmicasResumo
O termo “ecossistema” é de uso recente na literatura em jornalismo e tem se sofisticado com a digitalização e as tecnologias de comunicação em redes online nas últimas décadas, mas ainda apresenta insuficiências. O objetivo deste artigo é expandir a configuração da noção de ecossistema jornalístico, executando três movimentos investigativos: a presença da expressão em artigos científicos disponíveis na plataforma Web of Science; uma análise de 38 relatórios com diagnósticos empíricos sobre transformações contemporâneas do jornalismo produzidos por três institutos internacionais reconhecidos em pesquisa sobre jornalismo – Reuters Institute for the Study of Journalism (Universidade de Oxford), Tow Center for Digital Journalism (Universidade de Columbia) e Pew Research Center – em um período de 20 anos (2004 a 2023); e uma pesquisa em bibliografia de referência articulando trabalhos em perspectiva ecológica e estudos em jornalismo para a compreensão desses ambientes. A investigação constatou uma fragilidade nas noções de ecossistema jornalístico aplicadas nos relatórios e ofereceu um conjunto com seis características para sua delimitação: interações e interdependências; espacialidade e territorialidade; permeabilidade dos ecossistemas às tecnologias digitais; dinâmicas e relações de poder; fragmentações, resistências, dissidências e insurgências; e mutação contínua, hibridismo e fluidez.
Downloads
Referências
AGUIAR, Sonia. Territórios do jornalismo: geografias da mídia local e regional no Brasil. Petrópolis: Vozes: Editora PUC-Rio, 2016.
ANDERSON, Christopher William. News ecosystems. In: WITSCHGE, Tamara; ANDERSON, Christopher William; DOMINGO, David; HERMIDA, Alfred (ed.). The SAGE handbook of digital journalism. London: Sage, 2016. p. 410-423.
ANDERSON, Christopher William; BELL, Emily; SHIRKY, Clay. Post-industrial journalism: adapting to the present. New York: Tow Center for Digital Journalism: Columbia Journalism School, 2012.
ARIAS-ROBLES, Félix; VALERO-PASTOR, José M.; CARVAJAL, Miguel. Dependencia y externalización tecnológica en las innovaciones periodísticas de los medios españoles (2014-2021). Doxa Comunicación, v. 37, p. 453-478, 2023. Doi: 10.31921/doxacom.n37a1834.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2003.
BENTES, Ivana. Mídia-multidão: estéticas da comunicação e biopolíticas. Rio de Janeiro: Mauad X, 2015.
BOLAÑO, César. Indústria cultural, informação e capitalismo. São Paulo: Hucitec: Polis, 2000.
BOLAÑO, César. A economia política da internet e da chamada convergência. In: BOLAÑO, César; HERSCOVICI, Alain; CASTAÑEDA, Marcos; VASCONCELOS, Daniel (org.). Economia política da internet. São Cristóvão: EdUFS: Fundação Ford, 2011. p. 19-85.
BROWNE, Harry. Foundation-funded journalism: reasons to be wary of charitable support. Journalism Studies, v. 11, n. 6, p. 889-903, 2010. DOI: 10.1080/1461670X.2010.501147.
CAMPONEZ, Carlos. Media e jornalismo de proximidade na era digital. Covilhã: LabCom Books, 2017.
CANAVILHAS, Joao. El nuevo ecosistema mediático. index.comunicación, v. 1, n. 1, p. 13–24, 2011. Disponível em: https://journals.sfu.ca/indexcomunicacion/index.php/indexcomunicacion/article/view/4. Acesso em: 25 maio 2023.
CAREY, James W. Canadian communication theory: extensions and interpretations of Harold Innis. In: ROBINSON, Gertrude Joch; THEALL, Donald F. (ed.). Studies in canadian communications. Montreal: McGill Programme in Communications, 1975. p. 27-59.
CARVAJAL, Miguel et al. Las innovaciones periodísticas más destacadas en España (2010-2020): características e impacto organizacional, industrial y social. Profesional de la información, v. 31, n. 3, 2022. Doi: 10.3145/epi.2022.may.04.
CASTELFRANCHI, Yurij. Por que comunicar temas de ciência e tecnologia ao público? (Muitas respostas óbvias… mais uma necessária). In: MASSARANI, Luisa (org.). Jornalismo e ciência: uma perspectiva ibero-americana. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2010. p. 13–21.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: a era da informação: economia, sociedade e cultura. 5. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001. v. 1.
CASTELLS, Manuel. Communication Power. New York: Oxford University Press, 2009.
CHADWICK, Andrew. The hybrid media system: politics and power. New York: Oxford University Press, 2013.
DEUZE, Mark; WITSCHGE, Tamara. O que o jornalismo está se tornando. Parágrafo, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 7-21, 2016. Disponível em: https://revistaseletronicas.fiamfaam.br/index.php/recicofi/article/view/478. Acesso em: 1º out. 2018.
HARVEY, David. A condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1993.
IBARRA HERRERA, Daniela. Análisis discursivo en sistemas híbridos de medios: una aproximación metodológica. Logos, v. 30, n. 2, p. 314-330, 2020. Disponível em: https://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0719-32622020000200314. Acesso em: 3 jun. 2021.
INNIS, Harold A. Empire and Communications. Oxford: Clarendon Press, 1950.
JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2001.
LÓPEZ-GARCÍA, Xosé; VIZOSO, Ángel. Periodismo de alta tecnología: signo de los tiempos digitales del tercer milenio. Profesional de la información, v. 30, n. 3, 2021. DOI: 10.3145/epi.2021.may.01.
LÓPEZ-GARCÍA, Xosé; SILVA-RODRÍGUEZ, Alba; VÁZQUEZ-HERRERO, Jorge. Evolution, trends and future of native media: From avant-garde to the epicenter of the communications ecosystem. Profesional de la información, v. 32, n. 2, 2023.
MARTINS, Helena; BOLAÑO, César. Para uma crítica da economia política das plataformas digitais: a configuração de uma nova estrutura de mediação social. Contracampo, Niterói, v. 44, n. 1, 2025. Doi: 10.22409/contracampo.v44i1.65506.
MAST, Jelle; COESEMANS, Roel; TEMMERMAN, Martina. Hybridity and the news: Blending genres and interaction patterns in new forms of journalism. Journalism, v. 18, n. 1, p. 3-10, 2017. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1464884916657520. Acesso em: 20 set. 2025.
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix, 1969.
MOSCO, Vincent. The political economy of communication. 2. ed. London: Sage Publications, 2009.
MOSCO, Vincent. Economia Política do Jornalismo. In: CABRAL, Eula Dantas Taveira; DOURADO, Jacqueline Lima; LOPES, Denise Maria Moura da Silva; MARQUES, Renan da Silva (org.). Economia política do jornalismo: tendências, perspectivas e desenvolvimento regional. Teresina: EDUFPI, 2016. p. 43–67.
PARK, Robert E. Natural History of the Newspaper. In: Society: collective behavior, news and opinion, sociology and modern society. Illinois: The Free Press, 1955. p. 89-104.
PARK, Robert E. A Cidade: sugestões para a investigação do comportamento humano no meio urbano. In: VELHO, Otávio Guilherme (org.). O Fenômeno Urbano. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. p. 26-67.
PAVLIK, John V. Transformation: examining the implications of emerging technology for journalism, media and society. Athens Journal of Mass Media and Communications, v. 1, n. 1, p. 9-24, 2015. DOI: 10.30958/ajmmc.1-1-1.
PICARD, Robert G. Twilight or new dawn of journalism? Journalism Studies, v. 15, n. 5, p. 500-510, 2014. Doi: 10.1080/1461670X.2014.895530.
REESE, Stephen D. The institution of journalism: Conceptualizing the press in a hybrid media system. Digital Journalism, v. 10, n. 2, p. 253-266, 2022. Doi: 10.1080/21670811.2021.1977669.
SALAVERRÍA, Ramón. Veinticinco años de evolución del ecosistema periodístico digital en España. In: SALAVERRÍA, Ramón; MARTÍNEZ-COSTA, María del Pilar (coord.). Medios nativos digitales en España: caracterización y tendencias. Salamanca: Comunicación Social, 2021. p. 21-35. Doi: https://doi.org/10.52495/c1.emcs.7.p92.
SCOLARI, Carlos A. Introducción: Ecología de los medios: de la metáfora a la teoría (y más allá). In: SCOLARI, Carlos A. (ed.). Ecología de los medios: entornos, evoluciones e interpretaciones. Barcelona: Gedisa, 2015. p. 11-24.
SCOLARI, Carlos A. Media ecology: map of a theoretical niche. Quaderns del CAC, Barcelona, v. 13, n. 1, p. 17-25, 2010. Disponível em: https://www.cac.cat/sites/default/files/2019-04/Q34_Scolari_EN.pdf. Acesso em: 19 jan. 2024.
VAN DIJCK, José; POELL, Thomas; DE WAAL, Martijn. The platform society: public values in a connective world. Oxford: Oxford University Press, 2018.
VIANA, Natalia. O ano em que o WikiLeaks mudou o mundo. Agência Pública, São Paulo, 30 nov. 2020. Disponível em: https://apublica.org/2020/11/o-ano-em-que-o-wikileaks-mudou-o-mundo/. Acesso em: 3 ago. 2023.
VIANA, Natalia. O mundo é melhor depois dos vazamentos do WikiLeaks? Nexo Jornal, São Paulo, 2 set. 2024. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/o-mundo-e-melhor-depois-dos-vazamentos-do-wikileaks. Acesso em: 3 mar. 2023.
WAHL-JORGENSEN, Karin. The Chicago School and ecology: a reappraisal for the digital era. American Behavioral Scientist, v. 60, n. 1, p. 8-23, 2016. Doi: 10.1177/0002764215601709.
WIARD, Victor. News ecology and news ecosystems. Oxford Research Encyclopedia of Communication, 25 fev. 2019. Doi: 10.1093/acrefore/9780190228613.013.847.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Carlos Eduardo Franciscato

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores que publicam nessa revista devem concordar com os seguintes termos relativos aos Direitos Autorais:
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista Contemporanea e à Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution 4.0 (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal), já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.