Jornalismo fluido? Reflexões sobre os efeitos da IA generativa a partir do projeto Time AI
DOI:
https://doi.org/10.9771/contemporanea.v23i1.69062Palavras-chave:
Jornalismo Digital, Inteligência Artificial Generativa, Jornalismo FluidoResumo
O artigo busca refletir criticamente sobre o possível conceito de “jornalismo fluido”, defendido pelo executivo da emissora holandesa NPO Ezra Eeman ao analisar a adoção da IA generativa no jornalismo. A partir de uma revisão sobre a história e evolução do jornalismo digital e a incorporação da IA generativa, uma análise do projeto Time AI e uma pesquisa bibliográfica sobre o termo, concluímos que há respaldo acadêmico em torno da ideia, que na prática representa um aprofundamento e maior aproveitamento de características já apontadas sobre o jornalismo digital: multimidialidade, interatividade e personalização. Nesse sentido, o Jornalismo Fluido seria aquele em que conteúdos transitam com fluidez por diferentes formatos, a partir da intenção do usuário. Ao mesmo tempo, defendemos que esse tipo de conteúdo ainda exige escala e maior quantidade para a aplicabilidade efetiva do Jornalismo Fluido enquanto conceito e nova etapa na história do jornalismo digital.
Downloads
Referências
ANTUNES, Ricardo. (org.). Icebergs à Deriva: o Trabalho nas Plataformas Digitais. São Paulo: Boitempo Editorial, 2023.
BARBOSA, Suzana. Modelo JDBD e o ciberjornalismo de quarta geração. In: FLORES VIVAR, Jesús Miguel; RAMÍREZ, Francisco Esteve. (org.). Periodismo Web 2.0. Madrid: Editorial Fragua, 2009. p. 271-283.
BARBOSA, Suzana. Jornalismo convergente e continuum multimídia na quinta geração do jornalismo nas redes digitais. In: CANAVILHAS, João. (org.). Notícias e Mobilidade: Jornalismo na Era dos Dispositivo Móveis. Covilhã: Livros Labcom, 2013. p. 33-55.
BECKETT, Charlie; YASEEN, Mira. Generating Change: a global survey of what news organisations are doing with AI. Polis: London School of Economics, 2023. Disponível em: https://www.journalismai.info/research/2023-generating-change. Acesso em: 20 jul. 2025.
BERTOCCHI, Daniela. Dos dados aos formatos - Um modelo teórico para o design do sistema narrativo no jornalismo digital. 2014. Tese (Doutorado em Teoria e Pesquisa em Comunicação) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
BONTCHEVA, Kalina. Generative AI and Disinformation: Recent Advances, Challenges, and Opportunities. UK: Vera.ai, 2024.
CANAVILHAS, João. Hipertextualidade: Novas arquiteturas noticiosas. In: CANAVILHAS, João (org.). Webjornalismo: 7 caraterísticas que marcam a diferença. Labcom Books, 2014, p. 3-25.
CANAVILHAS, João. Manuel de Jornalismo na Web. Covilhã: Labcom Comunicação & Artes, 2023.
DIAKOPOULOS, Nicholas. Automating the news: How algorithms are rewriting the media. Cambridge: Harvard University Press, 2019.
DEUZE, Mark. The Changing Context of News Work: Liquid Journalism and Monitorial Citizenship. International Journal of Communication, v. 2, p. 848-865, 2008.
EEMAN, Ezra. Is this the future of media? LinkedIn, 12 dez. 2024. Disponível em: https://www.linkedin.com/posts/ezra-eeman-8a5ba64_the-future-of-media-is-fluid-activity-7273238923215097857-KAzw/?utm_source=share&utm_medium=member_desktop&rcm=ACoAACzN_kEBtWivvaAOQ2CtWS0SBtMRiDPjfDM. Acesso em: 7 jul. 2025.
FLORIDI, Luciano. AI as Agency Without Intelligence: on ChatGPT, Large Language Models, and Other Generative Models. Philosophy and Techonology, v. 36, p. 1–7, 2023. Doi: 10.1007/s13347-023-00621-y.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
HERMIDA, Alfred. The role of the “active recipient” in participatory journalism. In: SINGER, Jane; HERMIDA, Alfred; DOMINGO, David; HEINONEN, Ari; PAULUSSEN, Steve; QUANDT, Thorsten; REICH, Zvi; VUJNOVIC, Marina. Participatory Journalism: Guarding Open Gates at Online Newspapers. Wiley-Blackwell, 2011, p. 177-191.
HOWARD, Mark. Why We’re Introducing Generative AI to TIME’s Journalism. Time, 11 dez. 2024. Disponível em: https://time.com/7201556/generative-ai-time-journalism/. Acesso em: 7 jul. 2025.
IOSCOTE, Fabia. IA Generativa: potencial e limitações dos Large Language Models e prompts na produção de notícias. Revista UNINTER de Comunicação, v. 12, n. 20, p. 59-80, 2025. DOI: 10.21882/ruc.v12i20.985.
JIANG, Yuchen et al. Quo vadis artificial intelligence? Discover Artificial Intelligence, v. 2, n. 4, 2022. Doi: 10.1007/s44163-022-00022-8.
KARLSSON, Michael; STRÖMBÄCK, Jesper. Freezing the Flow of Online News: Exploring Approaches to the Study of the Liquidity of Online News. Journalism Studies, v. 11, n. 1, p. 2–19, 2010. Doi:10.1080/14616700903119784.
KARLSSON, Michael. Charting the liquidity of online news: Moving towards a method for content analysis of online news. International Communication Gazette, v. 74, n. 4, p. 385-402, 2012. Doi: 10.1177/1748048512439823.
LEVY, David. Fixed or fluid? Document stability and new media. Proceedings of the 1994 ACM European conference on Hypermedia technology, p. 24–31, 1994. Doi: 10.1145/192757.192760.
LINDGREN, Simon. Handbook of Critical Studies of Artificial Intelligence. Local de publicação: Edward Eger Publishing, 2023.
LORENZ, Mirko. Personalização: Análise aos 6 graus. In: CANAVILHAS, João. (org.). Webjornalismo: 7 caraterísticas que marcam a diferença. Covilhã: Labcom Books, 2014. p. 137-159.
MALAR, João Pedro; SAAD, Elizabeth. IA generativa e veículos nativos digitais: um encontro possível? Brazilian Journalism Research, v. 21, n. 2, p. e1728, 2025. Doi: 10.25200/BJR.v21n2.2025.1728.
MALLMANN, Andréia Denise. Mídia fluida: por uma renovação conceitual. Sessões do Imaginário, v. 15, n. 24, p. 18–27, 2010.
MANOVICH, Lev. El lenguaje de los nuevos medios de comunicación – La imagen en la era digital. Buenos Aires: Paidós Comunicación, 2006.
MIELNICZUK, Luciana. Jornalismo na Web: uma Contribuição para o Estudo do Formato da Notícia na Escrita Hipertextual. 2003. Tese (Doutoradoe m Comunicação e Cultura Contemporânea) – Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2003.
NIELSEN, Rasmus Kleis; GANTER, Sarah Anne. The Power of Platforms - Shaping Media and Society. New York: Oxford University Press, 2022.
PAVLIK, John. Journalism and New Media. Columbia University Press, 2001.
PINTO, Moisés Costa; BARBOSA, Suzana Oliveira. Artificial Intelligence (AI) in Brazilian Digital Journalism: Historical Context and Innovative Processes. Journalism and Media, v. 5, n. 1, p. 325–341, 2024. Doi: 10.3390/journalmedia5010022.
RAMOS, Daniela Osvald. Formato: condição para a escrita do jornalismo digital de bases de dados. Uma contribuição da semiótica da cultura. 2011. Tese (Doutorado em Interfaces Sociais da Comunicação) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
ROST, Alejandro. Interatividade: Definições, estudos e tendências. In: CANAVILHAS, João. (org.). Webjornalismo: 7 caraterísticas que marcam a diferença. Local de publicação: Labcom Books, 2014. p. 53–89.
RUBLESCKI, Anelise; SILVA, Alexandre Rocha da. Jornalismo líquido: tendências de ampliação do campo. Brazilian journalism research, [S. l.], v. 8, n. 1, p. 118–132, 2012. DOI: 10.25200/BJR.v8n1.2012.375.
RUSSELL, Martha G. A Call for Creativity in New Metrics for Liquid Media. Journal of Interactive Advertising, v. 9, n. 2, p. 44–61, 2013. Doi:10.1080/15252019.2009.10722155.
SALAVERRÍA, Ramón. Multimedialidade: Informar para cinco sentidos. In: CANAVILHAS, João. (org.). Webjornalismo: 7 caraterísticas que marcam a diferença. Covilhã: Labcom Books, 2014. p. 25-53.
SANTAELLA, Lucia; KAUFMAN, Dora. A Inteligência artificial generativa como quarta ferida narcísica do humano. MATRIZes, v. 18, n. 1, p. 37-53, 2024. DOI: 10.11606/issn.1982-8160.v18i1p37-53.
SANTOS, Marcio Carneiro dos; FIGUEIREDO, Marcos Arruda Valente de. Utilização de inteligência artificial generativa no jornalismo - possibilidades e desafios. Mídia e Cotidiano, v. 18, n. 2, p. 27-42, 2024. Doi: 10.22409/rmc.v18i2.62870.
SIMON, Felix. Escape Me If You Can: How AI Reshapes News Organisations’ Dependency on Platform Companies. Digital Journalism, v. 12, p. 149-170, 2023. Doi: 10.1080/21670811.2023.2287464.
SIMON, Felix. Artificial Intelligence in the News: How AI Retools, Rationalizes, and Reshapes Journalism and the Public Arena. Tow Center for Digital Journalism, 2024. Disponível em: https://www.cjr.org/tow_center_reports/artificial-intelligence-in-the-news.php. Acesso em: 6 nov. 2025.
SOUSA, Maíra Evangelista de; FONTES, Ana Juliana. Tendência conceitual para o jornalismo automatizado: uma análise entre 2018 e 2022. E-Compós, v. 27, 2024. Doi: 10.30962/ecomps.3035.
STEENSEN, Steen; WESTLUND, Oscar. What is Digital Journalism Studies? London: Routledge Focus, 2021.
VAN DIJCK, José; POELL, Thomas; DE WAAL, Martijn. The Platform Society: Public Values in a Connective World. Oxford: Oxford University Press, 2018.
WALL, Melissa. Pop-Up Newsroom: Liquid Journalism for the Next Generation. In: GOODMAN, Robyn; STEYN, Elanie. Global Journalism Education in the 21st Century: Challenges & Innovation. Austin: Knight Center for Journalism in the Americas, 2017, p. 327-342.
WIDHOLM, Andreas. Tracing Online News in Motion: Time and duration in the study of liquid journalism. Digital Journalism, v. 4, p. 24-40, 2015. Doi: 10.1080/21670811.2015.1096611.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 João Pedro Malar, Elizabeth Saad
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores que publicam nessa revista devem concordar com os seguintes termos relativos aos Direitos Autorais:
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista Contemporanea e à Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution 4.0 (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal), já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
