PERFORMANCES DA NEGAÇÃO E DA RECUSA:
CASA T* AQUÉM E ALÉM DA NEUROSE REPRESENTATIVA COLONIAL
DOI:
https://doi.org/10.9771/contemporanea.v19i3.47915Palavras-chave:
negação, recusa, performanceResumo
Este artigo discute o princípio da negação que caracteriza e sustenta o cistema colonial e busca pensar possibilidades de escape. O estopim desta reflexão foi a interdição sofrida em 2021 pela Casa T* (espaço de acolhimento de pessoas travestigeneres, racializades e imigrantes em Lisboa) na organização da marcha LGBTQI+ da cidade, sem que houvesse qualquer tipo de pleiteamento prévio de participação no evento de sua parte. Considerando as dimensões físicas e simbólicas da recusa antecipada de um desejo que nem veio a ser. As questões que impulsionaram a escrita foram: quais as bases do pensamento representacional que nega e performa o abandono de corpes e pessoas e desconsidera seus desejos e existências? Como pensar rotas de fuga que permitam construções plurais fora da neurose representativa colonial? Episteme-mundos derivadas do pensamento radical negro e trans* nos auxiliaram a rascunhar respostas para tais questões que tangenciam o episódio trazido e, ao mesmo tempo, abarcam querelas fundamentais da representação política fora do Sujeito moderno.
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