Vigiar a velhice, vigiar o futuro: tecnologia, antecipação e governo de condutas // Old age surveillance, future surveillance: technology antecipation and conduct governance

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/contemporanea.v18i2.33231

Palavras-chave:

Velhice, vigilância, visibilidade, futuro, risco, governo de condutas

Resumo

O artigo propõe discutir as imagens da velhice contemporânea a partir das relações entre vigilância, risco e governo de condutas. Trata-se de pensar, segundo uma perspectiva genealógica, como os atuais sentidos de ser velho estão entrelaçados ao regime de visibilidade contemporâneo, em especial, às dinâmicas de vigilância. De fato, a “nova imagem da terceira idade” não é apenas matéria de anúncios de bancos, aplicativos de beleza, comerciais de seguro de saúde ou campanhas de medicamentos sexuais, para citar alguns. Na realidade, ao incorporar progressivamente os velhos no campo produtivo, o neoliberalismo faz circular imagens que servem tanto para conformar um tipo de velhice performática e empresarial quanto para ampliar seu acervo de dados. As redes atuais de vigilância se apropriam, assim, também dos perfis da velhice contemporânea: hábitos de alimentação, cuidados com a saúde, comportamentos de compra, práticas de poupança. Dados que, além de sustentar padrões e tipos de velhice mais “adequados” às dinâmicas atuais, também ancoram intervenções sobre indivíduos e populações, legitimando (ou deslegitimando) investimentos e reformas governamentais. Nessa rede de sentidos, os minuciosos procedimentos de vigilância – que já não se limitam a lugares confinados ou a populações específicas – também não se restringem à nossa atualidade. Tal diagrama opera igualmente quando a velhice é ainda mera expectativa. Trata-se de tornar o processo de envelhecimento, com suas diversas fases e seus efeitos, eterno alvo de monitoramento, minucioso e digital. Algo que se realiza num movimento contínuo de antecipação do futuro, transformando a própria velhice em crescente fator de risco, tanto individual como social.

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Biografia do Autor

Cláudia Linhares Sanz, Universidade de Brasília- Programa de Pós-Graduação em Comunicação

Fez pós-doutorado no Zentrum für Literatur-und Kulturforschung (ZfL), em Berlim, desenvolvendo a pesquisa Images of the future and contemporary education (2017/2018). Líder do grupo de pesquisa Imagem, Tecnologia e Subjetividade (CNPq). É professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UNB), professora e pesquisadora da Pós-Graduação em Comunicação também da Universidade de Brasília. Doutora em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense com pesquisa no Instituto Max Plank de História da Ciência em Berlim; Mestre em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense; Pós-Graduada em Fotografia pela Universidade Cândido Mendes; jornalista graduada pela Universidade Federal Fluminense. Tem pesquisado e orientado temas como: Experiência contemporânea do tempo e Regimes de visibilidade; Imagem, Risco e Segurança; Imagem, Tecnologia e Subjetividade; Educação, Comunicação e Sociedade de controle; Futuridade, Imagem e Subjetividade; Teoria e história da Fotografia. Fundou e coordenou o projeto de extensão Alumiar: práticas e reflexões acerca das imagens nos processos formativos

Mirella Ramos Costa Pessoa

Mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília, com pesquisa em desenvolvimento sobre as imagens e os sentidos da velhice na contemporaneidade. Atualmente Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), faz parte do grupo de pesquisa Imagem, Tecnologia e Subjetividade (CNPq). Graduada em Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda pela Universidade de Brasília.

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Publicado

2020-11-09

Edição

Seção

Artigos