Mainha quem me ensinou a desconfiar do doutor
Por que nomear os "de cima" importa para às pesquisas em ciências sociais?
DOI:
https://doi.org/10.9771/rp.v12i0.59567Palavras-chave:
pesquisas sociais, narração, sujeitos de pesquisa, colonialismo, invisibilizaçãoResumo
Este trabalho objetiva discutir sobre a escolha metodológica de pesquisas sociais em instituições (em e com documentos) de nomear os sujeitos de pesquisa com os seus nomes reais presentes no arquivo, enquanto forma política de responsabilidade ética com a descontinuidade de processos de invisibilização, ao mesmo tempo em que esse processo convive com o não fazer colonial do procedimento de nomear os sujeitos de pesquisa “de cima”, aqueles que são narradores desses sujeitos de pesquisa invisibilizados, implicando na permanência dos narradores como sujeitos invisíveis. Por isso, o argumento central do trabalho, a partir da constatação dessa prática, é se perguntar como essa escolha – de esconder os sujeitos narradores, os “de cima” – implica na invisibilidade colonial da responsabilidade desses agentes narradores para com os que são narrados, considerando também os limites e as possibilidades imbuídas na opção de narrar os narradores. Construo minha escrita na forma de ensaio, alinhada a uma revisão bibliográfica – focada em pesquisas sociais em instituições que tenham relação com o saber-poder jurídico- psiquiátrico, pela minha familiaridade com o tema –, trazendo ainda um escrever da minha experiência, uma escrevivência, focada em uma elaboração contínua de perguntas, como convite a discussão de nossos pressupostos epistêmicos em pesquisas sociais.