O desejo, a crença e a sensação na pesquisa em conservação da biodiversidade na Amazônia
Notas sociológicas sobre outra "crise ambiental"
DOI:
https://doi.org/10.9771/revpre.v11i0.55099Palavras-chave:
conservação da biodiversidade, desejo, crença, crise ambientalResumo
Neste artigo, descrevo duas saídas de campo, cada uma relativa a um estudo sobre a produção de biomassa da floresta amazônica em duas Unidades de Conservação do Estado de Roraima, em abril e julho de 2015. Abrigados pelo guarda-chuva da conservação da biodiversidade, esses estudos são realizados pelo Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) em parceria com outras instituições. Ocorrem no interior da grade RAPELD, método inventado pelo PPBio para medir e gerir a biodiversidade. Sua inovação, além de técnica, convoca os “auxiliares locais” a quererem participar e somarem seus saberes aos esforços científicos em conservação. Resgatando o debate sociológico dos potenciais de crença e desejo, analiso o agenciamento que mistura duas lógicas, a métrica e a sensitiva, na produção dos dados sobre biomassa florestal. Desta análise um enunciado espantoso pode ser extraído: a perda da biodiversidade é a perda da capacidade dos sentidos. O que fazer? É preciso inventar novos modos de andar, tocar, escutar. Analiso o agenciamento que inventa estes modos mata adentro. Desta análise, talvez, ecludam novos modos de fazer sociedade.