“A gente tá vivendo uma vida sem paz”
Experiências dos primeiros 6 meses de quarentena do covid-19 para mulheres da periferia de Salvador
DOI:
https://doi.org/10.9771/revpre.v11i0.53739Palavras-chave:
covid-19, vida em quarentena, periferia, desigualdade, Salvador; BAResumo
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que buscou entender como moradoras de uma periferia de Salvador, marcada pela pobreza urbana, lidaram com a vida em quarentena durante os primeiros seis meses da pandemia da covid-19. Baseada numa pesquisa antropológica conduzida desde 2012 entre mulheres negras, mães de família, elas foram entrevistadas no mês de agosto de 2020. A partir dos dados coletados, ficou evidente que as condições de vida e moradia tornaram a experiência da quarentena ainda mais difícil para essas mulheres e suas famílias. Todas tiveram seu meio de sustento afetado, o que, para a maioria delas, transitava entre trabalhos informais e subempregos, e consequentemente passaram a depender de auxílios financeiros e de outras ordens, provenientes dos governos. Sobrecarga de trabalhos domésticos, estresse, ansiedade, insegurança e medo de um futuro próximo quando o auxílio financeiro acabasse marcaram a vida dessas pessoas, que ficou ainda mais insegura do que antes. Mais que medo do coronavírus em si, as mulheres temiam a pobreza extrema e as outras epidemias que estavam impactando a vida na periferia de Salvador.